Quando um conterrâneo se destaca em sua área de atuação é orgulho para qualquer cidade. Adamantina tem inúmeros casos, alguns com mais visibilidade e outros desconhecidos para maioria da população, mas todos têm algo em comum: se tornaram referência por fazerem a diferença em seu cotidiano.
Fabio Antônio Venâncio é um exemplo destes adamantinenses que construíram sua trajetória com muito esforço e dedicação. Atualmente morando em Campo Grande (MS), ele é 1º Tenente da Força Aérea Brasileira e mestrando pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), oportunidade que utiliza para fazer a diferença na vida do próximo.
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Ele desenvolve estudo que avaliará infectados com Zika vírus entre os anos de 2015 e 2018, no Estado vizinho. Essa doença pode ser transmita para a criança durante a gestação quando a mãe (gestante) estiver infectada. Para estabelecer a relação de causa e efeito entre a infecção materna e o nascimento de crianças com microcefalia, que é um dos sinais da síndrome congênita do Zika, uma sequência de eventos e critérios são necessários e este projeto de pesquisa tenta descrever esses critérios.
TRAJETÓRIA
Filho de Antônio e Isaura Conceição Venâncio, o adamantinense iniciou sua trajetória acadêmica nas instituições públicas da cidade. Após o período dos ensinos fundamental e médio, cursou Enfermagem na UniFAI (Centro Universitário de Adamantina), sendo considerado um orgulho para os familiares.
“Ver o crescimento de um filho é um orgulho para qualquer pai. Toda gota de suor derramada, todo o esforço para oferecer condições para o estudo dos filhos valeram a pena, sendo retribuídos por eles com dedicação”, destaca Sr. Antônio, que durante toda a vida trabalhou como tapeceiro para dar sustento à família.
Com a felicidade no olhar, o pai admira a conquista do filho, que construiu toda a sua trajetória a partir dos estudos. “Me orgulha pela importância da pesquisa que desenvolverá, que poderá fazer a diferença na vida de muitas mães e bebês, e principalmente pelo filho e pai de família que se tornou”, pontua.
Além de Fabio, Sr. Antônio tem outros filhos, criados para valorizar a educação. “O ensino realmente pode transformar o futuro de uma pessoa, e mudar a realidade de um país”.
Mesmo de longe, o paizão acompanha cada passo do filho, que fará a defesa dissertação intitulada ‘Clínica e epidemiologia de nascidos vivos com síndrome congênita do Zika vírus no Estado de Mato Grosso do Sul, 2015-2018’ nesta terça-feira (20), na UFMS, em Campo Grande.
A PESQUISA
A UFMS realiza estudo sobre o Zika vírus a partir de abordagem a mulheres que estiveram gestantes, e que tiveram a doença ou não, entre os anos de 2015 e 2018.
“Os pesquisadores entrarão em contato com as mulheres, por via telefônica, convidando-as a participar do estudo. Aquelas que concordarem terão agendadas uma entrevista, e seus filhos poderão passar por consulta com a médica neuropediatra Maria Eulina Quilião”, explica o coordenador da pesquisa, professor Everton Falcão de Oliveira, do Inisa (Instituto Integrado de Saúde). Essa parte da pesquisa será desenvolvida pela aluno de mestrado Fabio Antonio Venancio.
Com caráter interdisciplinar e interinstitucional, a pesquisa abrange diferentes áreas de estudo, em parceria com pesquisadores de outras instituições públicas como a Fiocruz, UFRJ e secretarias da Saúde, e abrange orientação de estudantes de graduação, mestrado e doutorado.
“Embora a hipótese de que a infecção dos fetos durante a gestação seja o fator crucial para o nascimento de crianças com microcefalia seja hoje amplamente aceita, alguns critérios necessários ao estabelecimento da relação de causa e efeito ainda não foram demonstrados. Por isso, queremos saber se a infecção pelo Zika na gestação foi fator primordial, foi a causa para as crianças nascerem com sintomas da síndrome congênita e faremos isto comparando dois grupos: um de gestantes que tiveram Zika e outro de gestante que não tiveram Zika”, explica o professor.
Em uma primeira etapa, os pesquisadores do Inisa, entre eles Fabio Antonio Venancio, conduziram estudo descritivo transversal para avaliar o perfil clínico e epidemiológico dos nascidos vivos de gestantes infectadas com o Zika vírus em Mato Grosso do Sul, entre 2015 e 2018. Foram notificadas 71 crianças como casos suspeitos de malformação congênita e/ou alterações neurológicas (síndrome congênita do Zika). Todos esses casos foram avaliados e triados para confirmar o diagnóstico de síndrome congênita.
Dentre os 71 casos notificados, 14 apresentaram evidências de realmente se enquadrarem como casos de síndrome congênita do Zika vírus, a partir da análise fundamentada pela avaliação clínica (neurológica e motora) e por exame de imagem, em algumas situações.
Todas as crianças com síndrome congênita devem ser encaminhadas para fisioterapia (para estimulação precoce), terapia ocupacional, fonoaudiologia, neuropediatra e mãe a e filho devem ainda ser acompanhados por psicólogo.
Mas, em Mato Grosso do Sul, apenas cinco estavam sendo atendidas pelo Centro Especializado de Reabilitação da Apae (CER-APAE). Outras cinco começaram posteriormente, a partir do projeto de pesquisa, a serem atendidas na Clínica Escola da UFMS, por meio de parceria firmada com o CER–APAE e a Residência em Reabilitação Física (Inisa), onde os pequenos são atendidos às segundas e quartas-feiras.
“A condição socioeconômica dessas famílias é bem baixa, muitas têm dificuldades de acesso, de locomoção. As crianças apresentam paralisia cerebral, precisam de cadeira de rodas e isto acrescenta um adicional de agravo que dificulta a chegada delas até aqui”, completa o professor. Com informações da Assessoria