Eleito para seu primeiro mandato como vereador com 1.066 votos, o advogado Alcio Ikeda (Podemos), de 27 anos, é um dos nomes políticos mais citados em Adamantina, muito se deve a forma contundente que se posiciona em relação a temas polêmicos. Cotado para diversos cargos na eleição do próximo ano, o político pretende no momento buscar um segundo mandato como vereador, contrariando os correligionários que o almejam em uma função no Poder Executivo.
“Estou há oito anos na vida pública. Assumi aos 19 anos um cargo de chefia. Foram degraus que fui subindo. Entrei com uma cabeça no Almoxarifado, sai com outro pensamento. Entrei com uma cabeça na Câmara Municipal e hoje me sinto amadurecido, mais entendedor de alguns assuntos, percebo algumas coisas que a gente só consegue vivenciando a política. No primeiro ano, eu era bastante enérgico, às vezes não media as palavras, não que seja algo negativo ser franco e honesto, mas causa alguns desgastes desnecessários. Percebo hoje que dá para fazer as coisas acontecerem de uma forma mais profissional”, pontua.
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A serenidade do novo momento contribui para que a decisão para qual cargo político buscará só seja definida em 2020, ano eleitoral. Até lá, Alcio Ikeda deve seguir na ideia de continuar no Legislativo municipal, local que acredita poder contribuir mais para a cidade do que em uma eventual candidatura a vice-prefeito ao lado de Acácio Rocha.
O colega parlamentar já anunciou a pré-candidatura a prefeito. Desde então, a dobradinha Acácio Rocha e Alcio Ikeda é citada por políticos e não políticos, principalmente nas redes sociais, onde os dois vereadores demonstram força.
“Essa parceria foi algo totalmente natural, até porque, em eleição anterior, exatamente de 2012, eu e o Acácio tivemos alguns atritos, por estarmos em lados opostos. Passando o tempo, um conhecendo melhor o outro, a forma de trabalhar, percebemos que em alguns pontos combinamos, a forma de pensar a administração pública. O primeiro ato em conjunto foi a eleição da Mesa Diretora. Teve um contato anterior e eu apoiei o Acácio. Foi o primeiro que me procurou, é um vereador – assim como eu – que entrou em uma nova leva na Câmara, uma nova geração, então confiei nesta questão da presidência. Porém não foi eleito, sendo escolhido o Eduardo Fiorillo (DEM). A partir disso começamos a ter um contato bastante positivo, foram questões de projetos, requerimentos, indicações, desde o primeiro ano buscamos trabalhar juntos, fazer visitas em conjunto. E o que permitiu isso foi a não vaidade. A não vaidade permitiu compartilharmos matérias, projetos de lei e tudo mais. Mas em momento algum houve a pretensão de projeção, uma conversa neste sentido. Para ter uma ideia conversamos sobre isso ano passado [uma possível dobradinha]. Quem deu essa ideia de Alcio e Acácio foi a própria população ao observar nosso trabalho em conjunto, algo não muito comum, de dois vereadores sempre estarem trabalhando juntos. Foi natural, mas por parte da própria população”, explica Alcio.
Nesta conversa, em que a possibilidade das pré-candidaturas a prefeito e vice foram discutidas, Alcio Ikeda pontuou que vincularia a decisão a uma secretaria municipal.
“Quando conversei com Acácio no ano passado, cogitei essa possibilidade, não aceitaria ser apenas vice. Eu vincularia com uma secretaria. Não que o vice não atue, mas o vice é um cargo de substituição, que não está diretamente ligado a administração pública. Então em uma eventual candidatura a vice-prefeito, gostaria de ser um secretário, ajudar diretamente a gestão. E pensando nisso, entre o vice e o vereador, acredito que em ser parlamentar tenho melhores condições de atuar. Pode ser que não tenha o status do vice Chefe do Executivo, mas, neste momento, entre ser um substituto do Chefe do Executivo ou representante da população, me mantenho como representante da população”, ressalta Alcio Ikeda, que reafirma: “Em uma eventual candidatura a vice, prefiro me posicionar como pré-candidato a vereador. Não tenho uma confirmação ainda sobre minha pretensão de candidatura no ano que vem, mas acho bem improvável uma candidatura a vice-prefeito”.
Na entrevista ao IMPACTO, o parlamentar pontua também que a decisão parte de uma vontade própria, sem interferência do partido, o Podemos. “Coloco muito como uma vontade minha, até porque o partido que estamos construindo, o grupo de pré-candidatos a vereador que estamos construindo, até mesmo a diretoria, presidida pelo José Romão, sempre me deixaram bem tranquilo em relação ao meu posicionamento dentro da Câmara e nunca palpitaram, apenas deram ideias. Conversamos bastante de forma horizontal, então digo que é algo pessoal”.
Ainda, sobre as eleições de 2020, Alcio avalia como precipitada a decisão do colega vereador em anunciar a pré-candidatura a prefeito. “Se fosse pré-candidato a prefeito, o que não sou, quero deixar isso bem claro, não faria neste momento. Não sei se precipitou devido ao próprio partido dele [Democratas], então, inclusive, falou que foi uma questão de se posicionar dentro do partido, buscar espaço dentro do partido que é natural ter um prefeito como pré-candidato a reeleição. Então eu não faria o anúncio, mesmo sendo pré-candidato, não faria o anúncio neste momento. Acredito que teve os motivos dele para anunciar”.
Alcio também se posiciona contrário a possibilidade de candidato único na atual situação política de Adamantina. “Candidatura única no sentido de união, vejo que é positivo. Mas a candidatura única por falta de candidatos, falta de propostas, não vejo como positivo. A falta de candidatos, de novas propostas, se isso acontecer em Adamantina ano que vem, me deixa preocupado. Acredito que em Adamantina é importante ter alternativa de melhoria, não oposição por oposição. Para dar continuidade aos projetos existentes e para buscar melhorar, alavancar”.
Pontuado como um dos principais questionadores da gestão Márcio Cardim (DEM), o vereador rechaça o rótulo de oposição. “Não me coloco como opositor, porque opositor é contrário a tudo, e de fato não sou assim. Fico bastante chateado com duas situações: uma que as pessoas elogiam tudo, endeusam a administração e tratam como tudo fosse bom, regular e normal, e outra que as pessoas querem derrubar e desgastar a todo custo. Isso acontece, e vira e mexe sou criticado pelos dois lados. Não vou esconder que pode ser que diante da Câmara atual, majoritariamente do partido do prefeito, me destaco como aquele que mais se opõem a alguns temas. Porém, não me coloco como oposição, mas, imparcial, que analisa tema por tema, de forma imparcial. Lógico que tenho minhas falhas, sou passível a me equivocar, mas tento sempre olhar o que de fato é de interesse público”, esclarece.
As críticas e cobranças também atingem a UniFAI (Centro Universitário de Adamantina). E Alcio Ikeda explica os posicionamentos. “A gestão UniFAI vejo bastante vinculada a Prefeitura, e isso tem prós e contras. Os prós porque caminha junto com o Executivo, desenvolvem projetos em conjunto. Do outro lado, tivemos duas manifestações de alunos que não foram atoa, foram corretas e justas, que demonstraram os contras. Em uma situação, a UniFAI decidiu uma coisa e o Executivo determinou outra, prevalecendo a decisão do prefeito. Tirou autonomia da gestão da UniFAI, tirou autonomia da coordenação dos cursos. Uma autarquia municipal tem um perfil em todo o Brasil, uma autonomia administrativa, tem a capacidade de se gerir, apesar de estar veiculada ao Executivo. Às vezes o reitor terá uma opinião diferente do prefeito. E nesta opinião diferente o reitor que está vivenciando o dia a dia da faculdade, os problemas acadêmicos, apesar do atual prefeito ter um histórico, um know hall acadêmico, que é inquestionável, mas hoje ele não é mais diretor, é prefeito, não tem mais contato direto com os problemas da instituição. E mesmo que quisesse não conseguiria, pois é muita coisa para ele cuidar: educação, saúde, infraestrutura. Neste distanciamento, fato do prefeito querer interferir, continuar administrando uma autarquia milionária e grande como a UniFAI, pode trazer prejuízos e trouxe alguns problemas que nós vivenciamos aí. Está consolidando Medicina, que é um curso que vem alavancando a economia do Município, que vem trazendo um diferencial para nossa cidade. Reconheço que todo começo de curso não é fácil, tem que se adequar, se encaixar, mas a parte técnica, a coordenação do curso, os médicos, os coordenadores, que estão diretamente ligados tem que tomar conta disso, enquanto a parte política quem tem que fazer é o prefeito, os vereadores”.