Junho começou com mais de 900 adamantinenses contaminados pelo mosquito Aedes aegypti. No mês que marca o aniversário da cidade, o foco do poder público e da população não são as comemorações de 70 anos de emancipação política-administrativa, mas, sim, a dengue, que a cada dia deixa a situação mais grave no Município.
A Prefeitura decretou situação de emergência devido a cidade ser considerada pela Secretaria de Estado da Saúde como de alto risco para uma epidemia de dengue, chikungunya e zika vírus. O último número divulgado pela Prefeitura foi de 936 casos positivos, muito superior aos sete registros do ano passado. Há ainda 1.683 casos notificados.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A situação alarmante não pegou a gestão municipal de surpresa. No último ano foram os diversos requerimentos, indicações e outros tipos de explanações dos vereadores solicitando medidas mais eficazes do poder público contra terrenos e áreas verdes propícios param se tornarem possíveis criadores do Aedes aegypti. A cobrança também envolveu áreas públicas sem qualquer conservação por parte da prefeitura.
Mutirões e campanhas de conscientização também foram solicitados pelos parlamentares. Em junho de 2018, o Ministério da Saúde divulgou o LIRAa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti) que apontou que a densidade larvária registrada em Adamantina já era de alerta. Porém, havia municípios com situação mais preocupante, como Lucélia, onde o IIP (Índice de Infestação Predial) era de 12,2, enquanto de Adamantina foi registrado o indicador de 2,0.
Passado um ano e mesmo com bastante cobrança, os casos de dengue chegam a 936 em Adamantina e, até o último dia 4, alcançou os 180 registros em Lucélia, mostrando que a situação da cidade vizinha teve uma atuação mais eficaz pelo poder público.
O panorama é ainda mais preocupante se considerar a “presença de novo tipo de vírus em circulação”, conforme nota divulgada pela Prefeitura em 31 de maio. Segundo o texto, “a grande maioria da população se torna susceptível a doença, e em decorrência os seus agravos, inclusive, com o aumento do número de casos, existe a possibilidade de casos mais graves que possam levar a óbitos”.
O decreto de situação de emergência ainda tem como base os riscos a que a população está sujeita e exige da municipalidade atenção especial, haja vista a possibilidade de agravamento do número de infectados com dengue, chikungunya e zika vírus.
Após reunião com a participação dos vereadores, a Prefeitura resolve atender uma antiga reivindicação e promover mutirões em bairros considerados estratégicos. Na última semana os trabalhos se concentraram no Jardim Brasil e segue nos próximos dias na Vila Jardim, Vila Jamil de Lima e Jardim Adamantina.
A iniciativa tem objetivo recolher materiais recicláveis, galhos de árvores e restos de materiais de construção. “A Prefeitura informa que o recolhimento de inservíveis será executado também nos demais bairros, porém pede que a população aguarde a comunicação das datas de recolhimento, evitando desta forma o acúmulo de resíduos nas calçadas. Contudo, os cuidados com as residências e os quintais devem continuar”, informa a Administração Municipal.
O trabalho da Secretaria de Saúde também foi intensificado aos sábados, com aplicação de larvicidas em todos os bairros da cidade.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a Prefeitura de Adamantina respondeu os questionamentos do IMPACTO sobre a situação da dengue no Município.
Sobre a realização somente agora de mutirão de limpeza, a Administração Municipal justificou que “é de conhecimento de todos que Adamantina sofre com o problema do aterro sanitário devido a não regularização do mesmo dentro do prazo. A atual gestão buscou a prorrogação da vital útil do mesmo e a Cetesb liberou o uso até o próximo dia 29. Com a conclusão do processo licitatório para destinação final dos resíduos, foi possível viabilizar o mutirão sem correr o risco de que o aterro ficasse sobrecarregado antes do prazo”, esclareceu.
Ainda, segundo a gestão municipal, o problema da dengue está acontecendo em todo o país. “O verão favorece o aumento dos casos devido à proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Além disso, a doença é cíclica com o aumento dos casos acontecendo de três a quatro anos. Dados da Vigilância Epidemiológica Municipal apontam que em 2016 foram registrados 142 casos, em 2017 apenas nove casos e o ano passado somente sete casos. Outro fator que impactou no aumento do número de casos foi a falta em todo o Estado de São Paulo do inseticida”, diz a nota.
Questionado sobre a possível omissão do poder público, a Prefeitura também se posicionou: “o poder público não foi omisso, pois desde novembro do ano passado foram articuladas e realizadas ações visando à conscientização da população através de palestras, ações nas escolas por meio dos profissionais da saúde e visita nas residências por meio dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de controle de vetores. A população precisa colaborar mantendo seus quintais limpos”.
Finalizando, a Prefeitura orienta a população sobre os cuidados com a doença. “É fundamental que os munícipes coloquem sal nos ralos, cloro ou mesmo a água com sabão que a máquina de lavar joga fora nos ralos, pois isso inibe a proliferação da doença. Também é fundamental observar os quintais diariamente para evitar o acúmulo de água”, consta na nota.