O ano de 2020 começa com intensa movimentação dos partidos de Adamantina com vistas à eleição municipal. Em menos de nove meses, os 27,6 mil eleitores adamantinenses irão às urnas para eleger prefeito e nove vereadores.
Será a primeira eleição após a onda de conservadorismo que elegeu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em Adamantina, o “bolsonarismo” dominou a eleição passada, o que mostra uma linha mais à direita dos eleitores locais – um ponto favorável a possível reeleição de Márcio Cardim (DEM).
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Em oposição a atual gestão, mas rechaçando o título de pré-candidatura populista, o médico veterinário Marcos Lama enfatiza o interesse em disputar a Prefeitura de Adamantina. “Confirmo, sou pré-candidato a prefeito”, diz em entrevista exclusiva ao IMPACTO. Ele é presidente do PSD, partido que tem como comandante nacional Gilberto Kassab, que convidou Bolsonaro para se filiar À legenda, mostrando uma convergência de ideias.
Em uma análise mais local, geralmente siglas e panoramas nacionais tendem a não influenciar no resultado municipal. Mas ainda são enigmas as eventuais influências da onda Bolsonaro para eleição municipal.
“Tenho tomado alguns cuidados para não transformar minha imagem como populista, uma volta ao passado das candidaturas de troca de favores. Se efetivar, minha campanha será do povo, pois venho da classe baixa, do meio do povo. Este lado mais popular é devido minha ligação com a comunidade, não que eu vá transformar, lá na frente, em práticas de populismo, a famosa barganha. Venho para trabalhar para todos, com atenção maior aos bairros que atual Administração abandonou”, explica o pré-candidato a prefeito.
Nos últimos anos, Marcos Lama vem sendo um dos principais críticos à gestão Márcio Cardim. O médico veterinário também já foi questionado por secretários municipais.
“A minha pré-candidatura vem se confirmando nos últimos tempos. A administração pública não é fácil, mesmo em uma cidade do porte de Adamantina, que ainda tem muitas falhas para se corrigir. É mais fácil falar a verdade para seus eleitores do que ficar tentando encobrir algumas situações, não informando a realidade. Muitas coisas a atual gestão acaba escondendo do povo, não passando a real situação”, critica.
Ele pontua que vem conversando com outras legendas para efetivar um grupo de trabalho que considerada “bom para Adamantina”. “Tenho conversado com outras siglas partidárias para se juntarem neste projeto, e eu estou sendo até bem recebido pelos líderes partidários, de associações, estou com bastante apoio. Principalmente estou sentido uma grande força da população, das classes média e baixa”, explica.
SAÚDE
Entre os pontos críticos citados pelo político está a saúde, um dos pilares da atual Administração Municipal. “A área da saúde é difícil, complexa, complicada. Mas, como uma boa atuação, diretamente com a população, é possível sanar muitas dificuldades que a comunidade enfrenta. Mesmo com a ampliação de vários PSFs [Postos Saúde da Família], não há muitas especialidades para população”.
Marcos Lama também questiona o projeto para o setor desenvolvido por Márcio Cardim. “A atual gestão tem pontos falhos, principalmente na área da saúde. Em 2016 foi colocado um projeto na Câmara Municipal, que, na época, Marcio Cardim justificou à população ser necessário um aumento salarial para o prefeito, na casa de R$ 18 mil, para que a UniFAI [Centro Universitário de Adamantina] pudesse contratar médicos especialistas, que dariam aulas no curso de Medicina e poderiam atender na Santa Casa e nos postos de saúde. Uma parceria UniFAI e Prefeitura. A Câmara acabou se envolvendo, com a promessa que ele [Márcio Cardim] não seria candidato a prefeito de Adamantina, pois o que queria era ajudar, abraçar a causa na parte da saúde, sendo autorizado o aumento pelos vereadores devido aos benefícios para população. Era consenso da população, e até tinha minha opinião favorável, pois era um projeto bom para cidade. Mas, depois não aconteceu. O diretor se tornou prefeito, e os especialistas atendendo a comunidade não temos visto”, questiona.
“Muito se comenta, pelos quatros cantos da cidade, que professores têm salários brutos que ultrapassam os valores recebidos pelo prefeito, sendo que a realidade da população é diferente, somos uma população carente. A maioria não tem alto poder aquisitivo para ficar pagando consultas e exames de especialidades que poderiam estar sendo feitos pela UniFAI”, completa.
OUTRAS CRÍTICAS
Marcos Lama cita outros pontos que precisam de uma atuação, segundo ele, “mais eficaz do poder público”. “Outro ponto falho em nossa cidade é a área de emprego. Muitos municípios da região vêm aumentando suas áreas industriais para acolher o pequeno e o médio empresário, mas, também, o grande. E nossa cidade não tem feito isso. O trânsito é um caos. Tem muitos pontos críticos, falhos, que temos que rever. Precisamos também olhar para os bairros. Já passou da hora, por exemplo, a avenida de ligação para a região do Bela Vista ganhar calçamento e ciclovia garantindo a segurança de todos que utilizam diariamente o local”.
O distanciamento do médico veterinário com a atual Administração, que estiveram juntos na última eleição, é devido divergência de ideias em relação a ExpoVerde. “Outro ponto que muita gente me ligou, diretamente e indiretamente, é a Expo Verde. É uma paixão, não é interesse financeiro ou próprio. E nos últimos anos vem se acabando com a nossa tradição. Era focada na parte social, mas também na educação. Havia atrativos melhores para diversão, um rodeio de qualidade. A parte do comércio valorizava nossos empresários. Sempre se atacou que gastava muito, aproximadamente R$ 500 mil. Mas deixo uma reflexão: neste ano de 2019 o gasto foi de aproximadamente R$ 327 mil declarados, fora o que não declararam. Eu tenho conhecimento que muitos pagamentos não foram colocados neste balancete. Se alguém da Administração quiser me questionar, eu aponto um deles, as horas extras dos funcionários. Aquilo não era um investimento desviado, como já foi comprovado. Era investimento no evento e para população, um bem para a cidade, pois o evento estava em nível internacional”, finaliza Marcos Lama.