Em uma série de entrevistas e matérias especiais feitas pelo IMPACTO o panorama político de Adamantina para 2020 se desenha, com pré-candidaturas sendo lançadas e outras discutidas nos bastidores. Rachas tornando-se público e novos grupos efetivados.
Neste cenário, ainda de indecisões, o nome de Márcio Cardim (DEM) é o mais citado, principalmente por ser o atual prefeito de Adamantina. Enquanto se torna o alvo preferido dos adversários, ou até mesmo de membros do próprio partido, o gestor municipal diz que pensará nas eleições apenas no próximo ano, pelo menos de forma pública.
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Porém, nos bastidores, discussões foram iniciadas e pelo menos uma reunião do grupo Democratas já aconteceu. O encontro foi noticiado pelo IMPACTO em 16 de agosto, quando membros da legenda entenderam que Márcio Cardim confirmou o desejo de disputar mais quatro anos de mandato. Mesmo assim ele não confirma publicamente a pré-candidatura visando à reeleição.
Nesta quinta-feira (26), o chefe do Executivo municipal em entrevista exclusiva ao IMPACTO explicou o fato que gerou certo desconforto, iniciado pelo lançamento da pré-candidatura do vereador Acácio Rocha, presidente do mesmo partido. “Depois que saiu matéria no jornal, com alguns pré-candidatos se posicionando em relação a essa questão, inclusive do próprio DEM, o grupo se uniu, principalmente os apoiadores e colaboradores para verificar a situação. Perante ao grupo eu disse que gostaria de ter essa prerrogativa, um direito natural, e isso acontece em qualquer partido democrático deste país. Me senti no direito de ter este compromisso do grupo que me apoia integralmente, caso me lance como pré-candidato. Quis fazer essa reunião para realmente ter este compromisso”, disse Márcio Cardim ao IMPACTO.
Na entrevista o gestor confirmou o apoio do partido caso opte pela reeleição. Hoje, o grupo é considerado a principal legenda da cidade, com o chefe do Executivo e mais cinco dos noves vereadores.
“Localmente o grupo me apoia integralmente. Fiz a consulta também em nível de Estado. Hoje, o presidente estadual do DEM é o nosso vice-governador, Rodrigo Garcia. Existe um apoio integral e, até mesmo, um pedido para que continuemos, para que na época certa saia como pré-candidato. Então, o que coloquei para o grupo: acho que tenho o direito de me posicionar, mas, também me reservo no direito de que agora não é momento de se fazer política. Como Executivo, vou me posicionar na hora certa, no momento correto. Se eu fizer isso, de maneira efetiva, acho que até mesmo as pessoas que estão fazendo isso agora, criam um tumulto desnecessário que não colabora em nada com o desenvolvimento do Município”.
RACHA
Pelo menos três nomes já se lançaram como pré-candidatos a prefeito em 2020: Acácio Rocha (DEM), Hélio José dos Santos (PR) e Marcos Lama (PSD). Porém, o nome do Democrata – vereador e atual presidente do partido – foi o que trouxe mais incômodo entre os apoiadores de Márcio Cardim.
“Como prefeito, tem hora certa para fazer isso. É momento de trabalhar para a população de Adamantina. E é o que farei! As pessoas que procuram jogar este tema neste momento devem ter algum interesse, talvez mais forte, de se candidatar. Não faço isso, porque nunca fiz. Mesmo quando fui convidado para ser diretor da UniFAI, a concorrer na lista tríplice, nunca almejei, fui convidado a concorrer. E assim o fiz. 2016 da mesma forma. Nunca me lancei como candidato, o grupo, olhando o bom trabalho que tínhamos desenvolvido perante a UniFAI, implantando uma Faculdade de Medicina, o que não é para qualquer um, para qualquer instituição, fomos lá e conseguimos implantar a Faculdade de Medicina. Ainda na minha gestão conseguimos transformar a Faculdade em um Centro Universitário, dando assim uma autonomia para Instituição. Então nunca pleiteei os cargos, o caminho foi e precisa ser natural”, ressalta.
Segundo o prefeito, seu posicionamento oficial deverá ocorrer próximo a data limite. “Daqui até julho temos 10 meses para trabalhar. Nestes 10 meses vou trabalhar incansavelmente, estamos trabalhando para a população de Adamantina. Se houver uma resposta, como já temos um posicionamento positivo do grupo do DEM, tanto local quanto estadual, é um incentivo importante para mim, como pessoa. Mas me reservo no direito neste momento em pensar na cidade e não nas eleições”.
Sobre a pré-candidatura de Acácio Rocha o prefeito é enfático: “não entendo como essa pessoa está se lançando porque o grupo me apoia. O que estamos percebendo e visualizando é uma iniciativa própria desta pessoa”. Em relação a possibilidade de sair do DEM, disputando as eleições por outro partido, Márcio Cardim também é categórico: “Eu sair do DEM? De forma alguma”.
E, sobre isso, o prefeito reafirma o posicionamento que teve na reunião com os membros da Executiva local. “Olha, a prerrogativa [direito de se candidatar] é dele [Acácio Rocha], mas o grupo me apoia, até onde a gente tem conhecimento o grupo me apoia. Se ele tem a pretensão de ser realmente ser candidato, terá ele que buscar outro partido”.
Recentemente, também em entrevista ao IMPACTO, o ex-prefeito de Adamantina, José Francisco Figueiredo Micheloni, mais conhecido como Kiko Micheloni, se posicionou sobre o possível racha de Acácio Rocha e Márcio Cardim. Na oportunidade Kiko ressaltou em poucas palavras que não pretende apagar o fogo de ninguém. Disse ele: “Se chegar ao ponto de um sair para lá, e outro vim para cá, é algo natural na política. O que não pode acontecer é a falta de diálogo. Depois não venham chorar o leite derramado. Não vou apagar incêndio de ninguém”.
Márcio Cardim também se posicionou sobre esta afirmação de Kiko Micheloni. “Se alguém tacou fogo foi o Acácio, não eu. Não taquei fogo em momento algum. Estou neutro, trabalhando para o Município. Se alguém tacou fogo foi quem se diz pré-candidato. Da minha parte não existe fogo”.
Cardim diz ainda que o ex-prefeito e sua mulher, Ana Maria Micheloni, atual vice-prefeita, participaram também do encontro em que o partido confirmou apoio à sua reeleição. Foi na gestão de Kiko que Márcio Cardim assumiu a direção da então FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas), que o projetou local e regionalmente.
“Estou onde estou, cheguei onde cheguei, por trabalho! Como já disse, toda experiência que tivemos em nível de instituição UniFAI, acho que pelo bom trabalho que desenvolvemos lá foi o que despertou neste grupo, na população. A experiência que demonstrei é que fez com que nós fôssemos convidados para pleitear esta cadeira no Executivo. E acabei aceitando porque vi que realmente poderia ajudar ainda mais o Município estando na Prefeitura do que continuar na UniFAI, ou como professor ou assumindo algum outro cargo. Então vislumbrei naquela época que poderia ajudar muito mais a população como prefeito, do que continuar no Centro Universitário. E acredito que aqui também estamos fazendo um excelente trabalho. Acho que a população percebe a quantidade de projetos que executamos, é visível para população, em todos as áreas”.
Com a desistência de Ana Maria de continuar como vice-prefeita, nomes já se articulam em busca do posto, caso se confirme a reeleição do atual gestor. “Isso é uma questão de grupo. Se eu não tiver apoio do grupo em hipótese nenhuma serei candidato. Só serei candidato, e vou pensar daqui para frente na possibilidade, se eu tiver apoio de um grupo. Então a mesma forma o vice, o grupo tem que trabalhar junto e decidir o melhor nome”.
BALANÇO
Satisfeito com sua gestão, Márcio Cardim faz avaliação do trabalho realizado, ainda mais pelo cenário de problemas de quando assumiu, após a cassação de Ivo Santos, na época no PSDB.
“Posso citar a Fatec [Faculdade de Tecnologia], que estava perdida. Kiko Micheloni conquistou essa importante instituição e, no entanto, a gestão anterior virou as costas para ela. Nós resgatamos, estava praticamente perdida essa conquista. O Parque dos Pioneiros, acho que a equipe está tendo coragem em enfrentar o problema. A UPA [Unidade de Pronto Atendimento], se pegar em nível de Brasil nós temos mais de 400 prédios fechados, assim como o nosso. Talvez entre estes 400 não tenha 10 UPAs que estão em fase de serem inauguradas, de serem colocadas à disposição na área da saúde para a população. E iremos em breve abrir as portas para a comunidade. Temos a UBS [Unidade Básica de Saúde] do Jardim Brasil que estava praticamente perdida. Na Assistência Social avançamos muito, a Andréia [secretária] faz um trabalho brilhante. Na Educação, também o Sr. Osvaldo [secretário] merece destaque, inclusive, para se ter uma ideia a que ponto estamos chegando, colocaremos ar-condicionado nas salas de aula para os alunos do Município, dando maior conforto, mais possibilidade de eles realmente aprenderem. Já melhoramos o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] de 6.4 para 6.9”, destaca o prefeito.
Ele ressalta outros investimentos. “Todo trabalho que está sendo feito na Santa Casa, os investimentos, passaremos de quatro para 10 leitos de UTI [Unidade Terapia Intensiva], iremos reformar o Pronto Socorro e o Centro Cirúrgico, tudo isso acontece devido um projeto que traçamos lá na época da UniFAI, e minha vinda para Prefeitura foi para dar continuidade a este projeto. E está acontecendo”, destaca Cardim.
“Temos hoje em Adamantina 2 milhões de metros quadrados de vias urbanas asfaltadas, as ruas. Com R$ 4,5 milhões [pagamento de dívidas da gestão anterior em 2017] conseguiríamos fazer o recapeamento de 600 mil metros quadrados, correspondendo a 31% da malha urbana. Então se não tivesse que pagar estes R$ 4,5 milhões estaríamos com um terço do Município com asfalto novo”, complementa.
Caso opte pela reeleição e ganhe a chance de governar por mais quatro anos, Cardim projeta um início de mandato mais tranquilo. “Se eu for para reeleição e conquistar nas urnas este pleito, com certeza não será como 2017, quando cheguei na Prefeitura sem projetos em andamento, não terei dívida para pagar. Entrarei 2021 com um monte de propostas. Nesta semana fecharemos um monte de projeto, até o final do mês ou início do próximo, vamos lançar mais meia dúzia de projetos em nível estadual e federal. Então a gente não pára. Todos os dias pensamos em projetos. A minha felicidade, como prefeito, e a resposta que a equipe dá é importante, e acredito que a população está vendo isso”.
FINAL DE MANDATO
Para os próximos 15 meses, até o término do mandato, o prefeito diz que problemas do cotidiano da população serão mais facilmente atendidos.
“É claro que quando o Município tem problemas menores de quando encontramos, como Parque dos Pioneiros, Fatec, cemitério, aterro sanitário, problemas gigantescos na saúde, educação, infraestrutura… acredito que conseguiríamos atender mais as demandas dos munícipes. Muitas vezes você não consegue atender muitas demandas, por exemplo, estamos encontrando problemas em vários setores da cidade. Jardim Adamantina com problema de alagamento, algo que vem de 30, 40 anos. Parque Itaipus com problema de alagamento. Parque dos Pioneiros, alaga parte da cidade. E tem vários pontos que a população nos procura, que entra água dentro das casas, oficinas, e muitas vezes não é possível atender de pronto porque não tem recurso para tudo. Então procuramos resolver os problemas maiores, os que atingem o maior número de pessoas, para depois descer para as questões menores. A parte do embelezamento da cidade, em tornar a cidade mais bonita, mais limpa, tudo isso está em nossos planos. Mas até você colocar a casa em ordem, não dá para fazer tudo. Vamos avançando assim que é possível. Acredito que hoje temos sim uma sintonia interessante com a população, apesar de não ser possível atender tudo que é pedido”, diz o prefeito.
“Estou satisfeito em tudo o que está sendo desenvolvido, tenho segurança naquilo que estamos desenvolvendo. Em nível de Brasil, até mesmo aqui em Adamantina, tivemos experiências desagradáveis com pessoas que colocam o nome para disputar uma eleição, mas acredito que a população precisa ficar atenta a esses desejos. O desejo muitos têm. Atrelado a este desejo tem que vir a experiência, e a população precisa olhar sim para o passado para ver o que este pretenso candidato colaborou em nível efetivo, de projeto, e não simplesmente em nível de palavra. As pessoas precisam realmente olhar para o trabalho efetivo, para os projetos concretos que foram efetivamente colocados em nosso Município. E, com certeza lá na frente, vamos refletir imensamente e se for o desejo da população teremos mais uma soma, além daquela já colocada pelo DEM em nível local e estadual”, conclui o prefeito de Adamantina, Márcio Cardim.