O documentário Flores Secas, dirigido pelo jornalista Acácio Rocha, de Adamantina, tem sua estreia agendada para o dia 25 de junho, às 19h30, integrando a programação da Semana da Diversidade de Presidente Prudente, que antecede a 9ª Parada do Orgulho LGBT, naquela cidade. Outros eventos de lançamento deverão acontecer em Adamantina e Tupã.
Com duração de 30 minutos, Flores Secas, traz em seu roteiro a temática do envelhecimento homossesual. O documentário foi produzido a partir da aprovação de um projeto apresentado por Acácio Rocha junto ao PROAC (Programa de Ação Cultural) da Secretaria de Estado da Cultura, com recursos financeiros do ICMS.
Para o documentário foram entrevistados os cabeleireiros Nelson Araújo e Roberto Rodrigues, de Tupã, e o coordenador da 9ª Parada LGBT de Presidente Prudente, Charles França, que expuseram aspectos de suas vidas envolvendo profissão, família, superação, preconceitos e as expectativas com a chegada do envelhecimento. Os temas ligados à saúde da pessoa idosa com ênfase para os gays foram expostos pela médica Vera Lúcia M. Fiorillo, enquanto as demandas da área dos direitos sociais, entre os quais o direito à saúde púbica, estatuto do idoso e casamento gay foram comentados pela advogada Sílvia Helena Luz Camargo.A estrutura técnica do documentário ficou sob responsabilidade da Magui Produtora, de Osvaldo Cruz, sob a responsabilidade de Roberto Pazotto, com a assistência de direção de Maicon Moraes.
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Ampliar o debate
Segundo Acácio, o tema “envelhecimento” parece passar despercebido nas grandes discussões sobre o universo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), pois pouco se expõe sobre a maneira como os gays lidam com o envelhecimento, já que os debates e as reivindicações, quase que na predominância, invocam o resgate às diferenças e preconceito, e negligenciam o tema “futuro”.
Além das dificuldades comuns a todos na velhice, entre os gays há outros elementos que invocam essa reflexão, pois muitos são deixados de lado pelas famílias e pelos amigos, e quase na totalidade não têm filhos, que pudessem assegurar cuidados na velhice. “Se aplicar o peso da condição social, envolvendo, sobretudo, condições financeiras, o quadro fica ainda mais complexo”, destaca Acácio.O autor do projeto explica que o documentário será distribuído para organizações brasileiras que se relacionam com o universo LGBT, para ampliar o acesso.
Velhice gay x depressão
A partir de pesquisas realizadas na pré-produção do documentário, identificou-se que o Brasil tem mais de 22 milhões de idosos, e a tendência é ampliar, em razão do aumento da longevidade, sobretudo decorrente dos avanços da medicina e da maior qualidade de vida. Nesse universo, e nas projeções futuras, os gays estão inseridos e fazem parte dessa massa.
Considerando todos os aspectos que evolvem a saúde da pessoa idosa, como a osteoporose, doença de Alzheimer, quedas e depressão, há o que se preocupar. Segundo Acácio Rocha, estudos apresentado em 2014 pela psiquiatra Carmita Abdo, durante o Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado no Pará, mostram que os homossexuais estão mais propensos a sofrer de depressão: 24% das lésbicas e 30%, no caso dos gays, contra 13,5% de heterossexuais.
“Mesmo com as garantias constitucionais de que todo cidadão tem direito à saúde, e no caso dos idosos as garantias introduzidas pelo Estatuto do Idoso, ainda há deficiência no suporte e atendimento à pessoa idosa, com um todo, e aos gays, neste recorte específico, podendo levar à negligência, à insuficiência ou erros no atendimento”, encerra Acácio.