A doença de Crohn é um processo inflamatório crônico autoimune que atinge especialmente o íleo terminal (parte final do intestino delgado) e o cólon, 50% dos pacientes podem apresentar também doença perianal. Manifestações extra intestinais podem ocorrer e atingem mais frequentemente a pele, articulações, olhos, fígado e trato urinário.
A especialista em doenças do estômago e intestino Lidiana Dosso explica que a doença de Crohn é um processo inflamatório extremamente invasivo que compromete todas as camadas da parede intestinal: mucosa, submucosa, muscular e serosa. “A causa da doença de Crohn é desconhecida, mas não estão descartadas as hipóteses de que seja provocada pela desregulação do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo”. Fatores genéticos, ambientais, dietéticos ou infecciosos também podem estar envolvidos.
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A Doença de Crohn se manifesta igualmente em homens e mulheres e, em grande parte dos casos, em parentes próximos. A incidência é maior entre os 20 e os 40 anos, sendo mais alta em tabagistas. “Não há cura, o tratamento deve ser instituído conforme a fase de evolução da doença podendo ser utilizado corticoide, imunossupressor e imunobiológicos”, explica Lidiana. E em fases mais avançadas e com complicações pode ser necessário cirurgia para tratamento.
Não existe um padrão dietético para pacientes com Crohn, mas alguns parâmetros nutricionais podem auxiliar os pacientes a evitar erros na dieta. “Doces e frutas em compota com alto grau de açúcar exacerbam a atividade da doença em muitas pessoas. Pão branco, pão de forma e comidas altamente condimentadas não fazem parte da dieta para pacientes com doença de Crohn e deveriam ser substituídos por alimentos com alta quantidade de fibras. Importantes fontes de fibra podem ser encontradas em pão integral e em muitos tipos vegetais. As fibras vegetais auxiliam as funções intestinais”, orienta Lidiana.
O exame clínico e o histórico clínico do paciente são instrumentos importantes para o diagnóstico da doença de Crohn. “No entanto, como a enfermidade pode comprometer todo o aparelho digestivo e desenvolver sintomas semelhantes aos de outras moléstias gastrintestinais, é necessário localizar
as áreas afetadas, por meio de exames complementares como endoscopia digestiva, colonoscopia, raios X do trânsito intestinal (enema opaco), tomografia e ressonância magnética, a fim de estabelecer o diagnóstico diferencial e determinar a evolução da doença”, finaliza.
Recomendações
A maioria dos doentes, quando entra em remissão, leva vida praticamente normal. Algumas medidas simples podem ajudar a prevenir as crises.
* Não fume;
* Pratique atividade física moderada;
* Procure identificar os alimentos que lhe fazem mal e evite os que podem agravar os sintomas;
* Controle o peso;
* Evite, na medida do possível, as situações de estresse;
* Reduza a ingesta de alimentos gordurosos de origem animal e de alimentos ricos em fibra;
* Peça a orientação de um nutricionista para selecionar uma dieta balanceada;
* Verifique o aspecto das fezes sempre que utilizar o vaso sanitário. Se notar sinais de sangue e alterações sem justificativa aparente nos hábitos intestinais, consulte um médico.