Depois de dois meses afastada da administração Ivo Santos, a ex-secretária de Assuntos Jurídicos, Maria Cristina Dias, dá sua versão sobre contratação de escritório de advocacia Castellucci Figueiredo e Advogados Associados por parte da Prefeitura.
Em entrevista exclusiva à equipe de jornalismo do IMPACTO, explica sobre ação proposta de improbidade administrativa, proposta pelo Ministério Público local, onde responde juntamente com o Prefeito Ivo Santos (PSDB), sobre eventuais irregularidades cometidas na contratação, por parte da Prefeitura, do escritório de advocacia ‘Castellucci Figueiredo e Advogados Associados’.
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A ex-secretária é citada na ação do MP por ter emitido, na época, o Parecer que instruiu o Processo Licitatório, orientando quanto à modalidade Licitatória que deveria ser adotada e, principalmente, quanto aos procedimentos que deveriam ser respeitados na execução do Contrato.
O MP apura a ocorrência de supostos danos ao erário público, em razão de a Prefeitura ter realizada a contratação direta da ‘Castellucci’ com o objetivo de prestar Serviços Técnicos de Assessoria Tributária, Jurídica e Administrativa na execução dos serviços consistentes na recuperação de contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre benefícios trabalhistas.
Maria Cristina é advogada, especialista em Recursos Humanos e em Planejamento Público, bem como é Professora Universitária na FAI. Durante 2 anos e quase 11 meses fez parte do primeiro escalão da administração Ivo Santos, quando deixou a pasta de Assuntos Jurídicos em novembro do ano passado, alegando motivos pessoais.
IMPACTO – Desde o início você dava sinais de ser contrária a assinatura do Contrato entre a Prefeitura e a ‘Castelucci’, no entanto, assinou Parecer favorável à contratação. O que a levou a mudar de ideia?
MC – Eu nunca fui favorável à contração dessa Empresa em virtude do histórico de prestação de serviços que ela tem. A Castelucci possui uma gama de serviços prestados o que dá a ela, uma notória especialização, mas, ao mesmo tempo, é alvo de muitas críticas, pautadas tanto em Ações Judiciais quanto por apontamentos do Tribunal de Contas (TC), além de críticas de ex-clientes que reclamam que o serviço não foi prestado com qualidade. Entendo que esse tipo de prestação de serviço deveria ser contratado, como o foi, porém, eu não escolheria essa empresa. O poder de escolha se classifica no universo do Poder Discricionário e pertence exclusivamente ao prefeito e não ao secretário Jurídico. Meu Parecer não foi para contratar essa empresa, meu Parecer foi no sentido de que deveria ser contratada uma empresa – que deveria atender a todos os requisitos legais necessários para tal – mas, minha principal preocupação, sempre foi, quanto à execução do Contrato. O TC editou uma série de recomendações dizendo que não há ilegalidade quanto à referida contratação ocorrer por meio de Inexigibilidade, inclusive de referida empresa que não está impedida de contratar com o Poder Público de Adamantina, mas, ocorre que em várias vezes que em que essa empresa foi contratada, tanto a forma como executou o serviço como a maneira como o mesmo foi pago o foram de forma equivocada. Meu Parecer foi neste sentindo. A ‘Castelucci’ foi contratada da forma correta. Já, quanto à execução do serviço, constei no Parecer como deveria ser executado, ou seja, as etapas que deveriam ser cumpridas com muitos detalhes. Sendo que, houve apenas um mês de prestação de serviço e eu não tenho como avaliar o serviço executado, porque a entrega do serviço foi feita à Secretaria de Administração que é a Secretaria que tem competência para receber ou não o serviço prestado. Eu não tenho conhecimento técnico para avaliar o tipo de serviço que foi prestado, não sou Especialista na área tributária/contábil. Agora, quanto à forma de pagamento pelos serviços prestados (honorários), consta expressamente do meu Parecer que o serviço não deveria ser pago diretamente à Contratada, ou seja, que fosse realizado depósito em Conta específica para isso, sendo que referido valor só deverá ser liberado quando a efetividade do serviço for confirmada, sendo que isso ocorreu exatamente assim. A Empresa prestou um mês de serviço e imediatamente a Justiça suspendeu o Contrato. O pagamento foi realizado nos moldes do meu Parecer. Tanto é que essa Empresa não viu um centavo do dinheiro da Prefeitura do Município de Adamantina. Não houve nenhum prejuízo para os cofres públicos. Os honorários que a Empresa poderá ter direito pelo serviço que prestou estão depositados numa Conta Bancária que só a Prefeitura tem acesso e pode movimentar. Em nenhum momento, discordo da contratação de uma Empresa para prestar esse tipo de serviço, o que sempre discordei é que fosse essa Empresa e, ainda, sempre tive preocupação quanto à forma de execução e o pagamento, o que ficou bem claro em meu Parecer. A Prefeitura do Município de Adamantina pode estar acumulando prejuízo por esse serviço não estar sendo prestado. A Prefeitura paga mensalmente Contribuições aos Órgãos Federais em valores que podem estar acima do que deveria ser pago, em índices superiores ao que legalmente paga, então o serviço tem essa função, levantar se o valor que a Prefeitura paga está acima do que legalmente deve pagar e orientar para que ocorra a compensação de referidos créditos.
IMPACTO – O que diz seu Parecer?
MC: Deixei claro no meu Parecer que não deveria ser aceito o serviço se não tivesse sido feito com qualidade e com todos os detalhes necessários, competência essa que cabe a Secretaria de Administração fiscalizar e receber o serviço, então é o Secretário da pasta que tem que dar o ok, concordar ou não com o serviço prestado. Há no Processo Licitatório de Inexigibilidade que foram consultados o Secretário de Finanças, o de Administração, além de Servidores Técnicos e os Advogados concursados, sendo que todos declararam espontaneamente que não tinham conhecimento técnico para efetuar o serviço e os que, eventualmente, poderiam com um pouco de capacitação e treinamento desenvolver o serviço deixaram claro que não tinham tempo hábil dentro da Prefeitura para executá-lo, em virtude do excesso de trabalho que tinham nos seus respectivos Departamentos. Eu declaro em qualquer lugar que, primeiramente, eu não tenho conhecimento técnico suficiente para executar esse tipo serviço, posto que seja serviço que exige muito conhecimento específico tributário/contábil, em especial, quanto a recolhimentos sobre folhas de pagamento. Sendo que o TC exige para contratar uma Empresa para esse tipo de serviço é exatamente isso, que não existam profissionais internos para realizá-lo. Outro requisito é que não se pague a Empresa, eventualmente, contratada imediatamente após a entrega do serviço, ou seja, vem a Guia (GFIP) de recolhimento de Tributos (com as compensações/descontos) e conjuntamente a Guia para pagamento dos serviços/honorários da Empresa. Portanto, há necessidade de aguardar-se a confirmação da regularidade quanto ao serviço prestado pela Empresa. Posto que, se o serviço for considerado nulo ou irregular quem irá devolver o dinheiro dos honorários à prefeitura? Assim, quem fiscaliza a realização deste serviço é a RFB – Receita Federal do Brasil, sendo de duas formas, ela pode vir a fiscalizar e declarar que está tudo certo, quanto à forma com que foi realizada a compensação ou se a RFB não fiscalizar ou declarar a ilegalidade em 05 (cinco) anos ai ocorre uma homologação automática do serviço. Então ai a Empresa só pode receber pelos serviços se ocorrer à homologação pela RFB ou se ocorrer à prescrição em 05 (cinco) anos, tudo conforme prevê a Legislação. Neste um mês que a Empresa prestou o serviço, houve a compensação, a Prefeitura abriu uma Conta Bancária específica, que só ela movimenta e os honorários referentes a esse mês de serviços prestados foram depositados nessa, pelo menos assim o foi, que eu saiba, até o dia 18 de novembro de 2015, data em que sai da prefeitura.
IMPACTO: Quais são as orientações do Tribunal de Contas quanto a esse assunto?
MC: Pode contratar uma Empresa para a prestação de serviços de compensação tributária, pode contratar da forma que eu apontei. Inclusive é preciso que se diga que essa empresa já conseguiu ter sua contratação aprovada pelo TC como correta em inúmeras Prefeituras, sendo que em algumas situações também sendo reconhecidas corretas a contratação pelo Poder Judiciário e o serviço prestado corretamente. O que o TC e os Tribunais Superiores alertam é que o serviço seja prestado com detalhes em todas as planilhas produzidas, com todas as comprovações e informações, para que não ocorram falhas e, consequentemente, prejuízos para o Município. Alerta ainda que se Prefeitura possuir profissionais dentro do seu quadro de pessoal com capacitação para realizar esse serviço para que não se contrate empresa de fora, mas que em não havendo tais Profissionais e em ocorrendo a contratação de Empresa, que não se deve pagar pelo serviço antes da homologação dos mesmos pela Receita Federal de que o serviço prestado está correto ou apenas após a prescrição quanto à fiscalização pela RFB. No Parecer que dei, tomei o cuidado de expor, explicar, esclarecer e orientar quanto a todos esses cuidados, observando a necessidade de que tudo fosse executado dessa forma.
IMPACTO: Se está tudo correto porque o Ministério Público está investigando a contratação?
MC: Porque houve denúncia. Na verdade o MP vem recebendo, desde o início do mandato do Ivo [Santos], denúncia de tudo. Cada passo que a Prefeitura dá, há um pedido para que ocorra verificação por parte do MP. Sendo que, em todo caso, é competência do MP investigar. Também não podemos nos esquecer de que existe uma Ação Popular interposta por um cidadão representado por um Advogado desta Cidade quanto ao mesmo assunto. Assim, tudo vai dando ensejo para as investigações. Além, da ‘Castelucci’ chamar, por si só, muita atenção para os Contratos que celebra em virtude de responder a muitos Processos Judiciais. Alertei isso tudo desde o início. Essa Empresa tem Notória Especialização, já prestou esse tipo de serviço para Prefeituras de várias partes do Brasil, já ganhou muitas causas já fez compensação de milhões para várias prefeituras – tudo isso é incontestável. Porém, o que também é incontestável são os apontamentos que algumas dessas Prefeituras sofrem pelo Tribunal de Contas sem contar a falta de cuidados necessários que um serviço como esse requer.
IMPACTO: Como o Ivo tomou a decisão de contratar essa Empresa mesmo com todo este histórico dela? O prefeito não ouve a equipe dele ou é influenciado por pessoas com outros interesses?
MC: Durante a Gestão do Ivo, nesses quase três últimos anos, o vereador Luís Carlos Galvão tentou denegrir a minha imagem de várias maneiras, seja em sessões da Câmara, em padarias e/ou nas esquinas da cidade. Dentre as terminologias que ele utilizava, havia a de que eu era a ‘Prefeita de Adamantina’. Esta é a maior comprovação de que eu nunca tive uma atuação de ‘Prefeita’. Sempre realizei ações de assessoria na Administração Municipal. Alertava, dava Pareceres Jurídicos, realizava condutas legais e apontava os melhores caminhos legais para serem tomados, mas a decisão final sempre era do chefe do Executivo, que tem poderes para isso e assim deve ser. Primeiro – porque ele foi eleito para tomar as Decisões – e não eu. Segundo – se é uma coisa que eu tenho muita noção é de hierarquia. Eu posso conhecer tecnicamente mais do assunto, mas meu chefe era Ivo Santos. Entendo que eu fiz meu papel nestes quase três anos, gostaria de ter feito muito mais, mas, por N motivos isto não foi possível.
IMPACTO: A Ação que o MP move te preocupa sob algum aspecto?
MC: Não me preocupa, claro que ninguém gosta de responder a um Processo, ainda mais quando temos a certeza de que apenas executamos as ações profissionais que nos competiam. Mas, isso é o risco que corremos quando advogamos na seara pública. Não fiz absolutamente nada de errado, dei um Parecer e respondo em qualquer lugar por ele. Na realidade ainda não fui Notificada quanto a essa Ação Judicial, fiquei sabendo da mesma por meio da Imprensa e o que respondi até agora é pautado no que fiz e nas notícias que li. Mas, depois do contato que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez comigo, estou mais tranquila. A OAB possivelmente irá fazer minha Defesa neste caso. Posto que haja um entendimento de que minha atuação foi meramente técnica e Profissional e, portanto, a Decisão da Liminar com relação a mim foi muito contundente. Outro detalhe: fui informada pela Comissão de Prerrogativas dos Advogados da Décima Região que outros Advogados da nossa Região também respondem a Processos Judiciais onde também deram Pareceres Técnicos iguais ao meu em Licitações semelhantes. A OAB diante destas situações esta analisando a possibilidade de nos defender, posto ser a nossa Entidade de Classe, para tanto já protocolei meu Requerimento neste sentido e estou aguardando a Decisão. Portanto, estou tranquila em três aspectos que me são muito importantes: Primeiro – já esclareci tudo o que houve e o que fiz a minha família e aos meus amigos; Segundo – perante minha categoria profissional, afinal se o meu Conselho de Classe entende que apenas exerci o que me compete profissionalmente e que há a possibilidade de que venha a me defender, irá significar compreensão e proteção; e Terceiro – perante meus alunos, enquanto Professora Universitária, ensino aos meus alunos que podem e devem emitir Parecer em Licitações. Alerto que precisam tomar muito cuidado para não responderem por Ações Judiciais em virtude de atuações em Licitações e, por fim, eu estou sendo alvo disso. Tenho uma sala de aula para entrar daqui a alguns dias – com futuros bacharéis em Direito (nono termo do Curso de Direito) – e tenho que ter moral como Professora para me respaldar. O saber que não fiz nada errado e o contato da OAB, isso me dá muita tranquilidade para entrar em sala de aula e continuar com o meu trabalho de formação de profissionais. Além disso, recebi material para me defender de vários alunos e ex-alunos preocupados comigo, me apoiando, posto que saibam que o Parecer está correto e, ainda, fui eleita Paraninfa da última turma do Curso de Direito, escolha que ocorrer após tudo isto se tornar público, o que comprova que meus alunos entendem muito bem o momento que estou passando e que também deixaram claro o apoio que me dão, por conta de acreditarem no meu profissionalismo, todos estes são fatores tranquilizantes.
IMPACTO: Qual análise você faz da situação política de Adamantina?
MC: Adamantina tem uma característica peculiar. As pessoas vivem dois anos a eleição passada e dois anos a eleição futura. Temos uma cidade ‘sui generis’ quanto a isso. Adamantina não para de viver a Política em nenhum momento. Se isso tem aspectos positivos, também traz uma carga negativa, principalmente porque não sobra tempo para administrar, já que você gasta todo o tempo tendo que se defender de tudo. A mágoa de perder a eleição é uma coisa exacerbada por aqui. Todo mundo faz um discurso que passado o pleito eleitoral meu partido passa a ser “Adamantina”, isto não é verdade para a grande maioria. Cada qual continua com o seu partido. É assim que as pessoas atuam. Algumas oposições são conscientes e devem ser respeitadas, mas uma esmagadora maioria faz uma oposição de raiva, de ‘eu quero ser melhor’, de que o meu grupo é melhor que o seu e de grupos instituídos, o Caca Haddad já escreveu sobre isso recentemente com muita perfeição. Temos um vereador em especial que era do próprio partido do Prefeito que faz uma oposição em alguns pontos positiva, mas na esmagadora maioria das vezes, devastadora. Portanto, em alguns aspectos positiva outras não. Ele deveria ter feito oposição de maneira mais produtiva, sem tanto afã. É uma pessoa culta, inteligente e com bons contatos em virtude do tempo que está a atuar na Política Partidária, portanto, deveria fazer e trazer muito mais para o Município, mas acaba colocando tantas pedras no meio do caminho e isto atrapalha sobremaneira. Eu respondia cotidianamente dois ou três Ofícios à Promotoria. A cada passo que se dava nesta Gestão, mesmo no cumprimento de requisitos legais a gente era pressionada. Ao logo destes quase três anos foram abertos inúmeros Inquéritos, por conta de Denúncias sem quaisquer fundamentações – nada disto virou Processo. Os Inquéritos abertos eram referentes a ações de quase todas as Secretarias, sendo que em tudo ficou provado que as acusações não eram procedentes e de que não aconteceram, ficou tudo comprovado que eram Denúncias sem quaisquer cuidados e fundamento.
IMPACTO: Você e o Ivo romperam?
MC: Eu não rompi com o Ivo, temos uma amizade de mais 30 anos, porém, hoje eu não me interesso pelo tipo de Gestão que ele parece deixar claro que vai desenvolver de agora em diante. A forma como ele demonstrou que vai agir depois que retornou do afastamento e pretende conduzir sua Administração. Neste novo rearranjo administrativo/político eu não interesso a ele e essa nova condução também não interessa a mim. Hoje não nos interessamos nem administrativa e nem politicamente.
IMPACTO: Depois que o prefeito Ivo retornou do afastamento acredita que a postura política dele mudou?
MC: Quando o Ivo retornou entendo que fez esse novo rearranjo político como falei acima. Para meu amigo Ivo eu teria espaço ao lado dele sempre, mas para este novo grupo eu não interesso a eles e eles não me interessam obviamente. Em quase três anos de atuação direta na Prefeitura eu adquiri grandes e poderosos inimigos, em consequências dos inúmeros ‘nãos’ que falei na Prefeitura, porém, todos pautados na legalidade então são ações que faço com muita naturalidade. É muito fácil falar que somos contra a corrupção. Mas, a partir do momento em que eu entro na porta de uma Secretaria de uma Prefeitura e peço um favor pessoal, sabendo que aquilo é contra a lei – é uma prática de corrupção. Eu cansei de receber este tipo de pedido. E não existe classe social. Não venha me dizer que quem faz corrupção é apenas o rico que tem dinheiro, que não é assim não. Em todas as classes sociais existem pessoas que vão lá pedir algum tipo de favor. Assim, disse muitas vezes não e continuarei dizendo ‘não’ com tranquilidade, todas as vezes que o pedido for contra a lei. Então eu não sou uma pessoa que interessa aqueles que, eventualmente, estejam apenas a fim de benesses do Poder Público.
IMPACTO: Você pediu exoneração do cargo ou foi desligada da Administração?
MC: O Prefeito Ivo perdeu profissionais muito importantes na Gestão dele e eu gostaria de aproveitar esta oportunidade para relatar isto. A primeira, e uma das maiores perdas foi o Secretário de Saúde Jorge Chihara. Foi o melhor Secretário que o Ivo teve nestes três anos de mandato. Nós não temos condições de avaliar ainda o que este homem trouxe para a saúde. Só vamos perceber os reflexos nos próximos dez anos. Apesar do trabalho da atual Secretaria [Patrícia] dar continuidade ao trabalho e ser uma excelente profissional, a perda foi imensa. Em seguida, perdemos o Jornalista Everton Santos, outro profissional importantíssimo para a Gestão do Ivo Santos. Ele vinha fazendo um trabalho de transparência e de divulgação, o que naquele momento fez com que ações boas da Administração fossem vistas e deu tranquilidade de trabalho a todos os secretários e ele deixou a Administração Municipal por algumas discordâncias, o que foi uma pena. Logo após, tivemos a saída do Professor Alfredo [Gabinete]. Realizou um grande trabalho e para mim, pessoalmente, foi a melhor conquista dos últimos anos, como amigo e profissional, é um ser humano extraordinário. Fazia um trabalho de blindagem da Administração Municipal, foi meu escudo, em momentos muitos difíceis e, o mais importante, fazia uma conexão boa é respeitosa com a Câmara Municipal. A saída dele também foi por algumas divergências. Por fim, a saída do Buchala [Planejamento], foi à derradeira. O trabalho que o Buchala exercia na Pasta dava sustentação a Administração como um todo ao lado da Secretaria que eu conduzia. Mas, devido a divergências decidiu pedir exoneração, foi a perda de um grande profissional com muita respeitabilidade e profissionalismo, pena muitos não terem visto isso. Tentei de todas as formas reverter a situação, não consegui. Fiquei praticamente sem suporte para tocar o que vinha sendo feito, por isto, decidi também pedir exoneração. O Ivo, pelo menos naquele momento, sempre deixou claro que não queria que eu saísse, sai espontaneamente. Eu sai insatisfeita comigo. Poderia ter produzido e ter dado muito mais para esta cidade. Pelo que sei, vejo e estudo. Faltou isso. Mas, preciso esclarecer que tinha que me dedicar a muitos detalhes, muitas coisas e resolver assuntos tantos, cuidar para que não fossem realizadas coisas erradas e planejar Instrumentos Normativos que dessem contundência e efetividade ao que precisa realizado a médio e longo prazo, tudo isto me tomavam muito tempo, sendo ainda que na Secretaria de Assuntos Jurídicos há muito trabalho, assim, impossível planejar, posto que o dia a dia lá consome a qualquer um.
IMPACTO: Neste rearranjo que o Ivo fez ele conta com novas pessoas. Te preocupa as pessoas que cercam o Prefeito atualmente?
MC: Me preocupa, e muito. Porque não estou vendo um script de preocupação com o Município, não vejo aproximação com a Câmara. No momento que você tem um Processo de Cassação – tem uma espada na sua cabeça e esta espada está nas mãos de nove vereadores. Não que antes devesse ser diferente, mas são circunstâncias políticas diferentes. Hoje, a Administração Municipal deveria trabalhar mais afinada com o Legislativo. Entendo que o Prefeito não deveria estar sendo alvo dessa cassação. Porque eu não vi nenhuma prova que o coloque como responsável neste Processo. Juridicamente não vi e desconheço provas contra ele. Só que a Decisão da Comissão Processante da Câmara tem aspectos Jurídicos, mas ela não é uma Decisão Jurídica, e sim, Política. E pode ocorrer uma Decisão negativa para ele e esse distanciamento com os vereadores só complica mais as coisas para ele. Não é interessante para ninguém a cassação de um prefeito, é prejuízo para todo mundo. Agora, judicialmente ele pode buscar reverter caso a Decisão da Câmara lhe seja negativa, aguardemos.
IMPACTO: Ficou alguma mágoa do Ivo?
MC: Não tenho nenhuma mágoa, nem do Ivo e nem de ninguém. Tenho é muita preocupação com o que irá acontecer com este Município. Porque vejo pessoas próximas ao Ivo que não tem nenhuma conexão com a história política deste Município e gente de fora da Prefeitura, que influencia muito negativamente quanto as Decisões que precisarão ser tomadas, há interesses pessoais impensáveis, espero que prevaleçam os interesses da coletividade acima dos particulares.
IMPACTO: Como você avalia a gestão Ivo Santos até esse momento?
MC: Avalio como positiva. Apesar de toda oposição que sofreu de todos os cantos e de todas as formas possíveis, à Gestão do Ivo faltou foi uma boa assessoria de imprensa e não estou falando de uma assessoria para fazer marketing não, mas uma assessoria para mostrar a Gestão.
IMPACTO: Vemos uma população muito descontente com a Administração Municipal. Porque isso ocorre?
MC: Volto a reafirmar, por falta de uma assessoria de imprensa mais contundente, mais profissional e, principalmente, que tivesse um Projeto, metas e continuidade. Claro, existem falhas na Administração, algumas decisões demoram para acontecer. Faltaram, em algumas Secretarias, mais experiência, mais atuação e mais vibração, mais volto a dizer que boas ações desta Gestão não foram devidamente divulgadas. Jogaram-se muito os holofotes em cima do negativo, que precisa aparecer para que seja transparente, mas, também é necessário que se veja o que houve de positivo, para que tudo seja avaliado com Justiça e com equilíbrio.
IMPACTO: Você saiu decepcionada com a administração?
MC: Eu não saí decepcionada, saí triste. Porque não vejo mais o meu amigo Ivo, neste novo ‘Ivo’ que está ai. Sei que ele vem enfrentando situações pessoais difíceis. Mas, isto não justifica muita coisa.
IMPACTO: Como se dará o cenário político no próximo pleito eleitoral?
MC: Vejo que Adamantina terá três caminhos pela frente. No primeiro, creio que o grupo do Ivo buscará a reeleição. O segundo o grupo da oposição, que ficou em 2º lugar nas últimas eleições, buscará conquistar a vaga do Executivo e, possivelmente, surja uma terceira via, daqueles que não querem mais nenhum um lado e nem o outro. Isso tudo é muito natural e está claro para muitas pessoas.
IMPACTO: O Ivo será reeleito?
MC: Uma eleição envolve vários aspectos, mas principalmente dois: dinheiro para os gastos de campanha e um grupo apaixonado pela causa, sendo que na última municipal, aqui em Adamantina, prevaleceu a atuação do grupo. Não sei se o Ivo tem caixa, nem grupo. Portanto, sem tais informações, não dá para prever como será o próximo pleito. Também não dá para avaliar o futuro pautado só no hoje, campanhas políticas envolvem muitas variáveis e as coisas se alteram de um lado para outro com muita facilidade. As Campanhas estão cada vez mais profissionais nos últimos tempos. Assim, não vejo qualquer um em condições de afirmar hoje, com tanta antecedência, que o Ivo se reelegerá ou que será derrotado, tais afirmações são meras expectativas, anseios ou desejos. Portanto, primeiro é preciso saber se ele irá ser candidato, bem como quem serão os seus adversários, o que também influencia em qualquer avaliação. Se já houvesse uma lista completa dos candidatos, talvez, daria para arriscar um palpite mais certeiro, como não há. Bom, é esperar para ver! Eu, hoje, nesse cenário, não aposto em nada!