Ela esteve à frente de uma das principais conquistas de Adamantina nos últimos anos. Marisa Furtado Mozini Cardim é um exemplo de como a mulher ganha espaço e se destaca na elaboração de grandes projetos. “Existem muitas coisas ainda a serem conquistadas pelas mulheres, mas depende da boa vontade de cada uma, agindo como mulheres fortes, física e emocionalmente”.
Formada em enfermagem pela FEO (Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia de Adamantina), com mestrado (Unesp de Botucatu) e doutorado (Famerp) em epidemiologia e ciência da saúde, respectivamente, atuou como enfermeira e concomitantemente como docente em Indaiatuba, Nova Friburgo (RJ), Universidade Federal do Mato Grosso e Presidente Prudente. Marisa explica que alinha a vida profissional com a pessoal, cuidando de seus três filhos. “As mulheres têm que acreditar em si mesmas e continuar batalhando, buscando seus ideais e direitos. Somos iguais, e além de trabalhadoras, damos conta de casa, dos filhos, apoiamos os maridos, cuidando da alimentação, da roupa, do uniforme e da tarefa da escola, então, somos muito mais que trabalhadoras. Temos que batalhar pelos nossos direitos sim, enfrentarmos os desafios de frente”.
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Hoje, Marisa afirma que o papel da mulher mudou, ocupando um espaço maior. “A mulher é mais aceita no mercado de trabalho e na sociedade, tendo mais autonomia, assumindo mais posições e cargos de destaque e papéis de liderança, e isso se estende também para a área da saúde”.
Atualmente, além da docência nos cursos de Enfermagem e Medicina, é Responsável Técnica pelo curso de Medicina da FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas) e pelas ações a comunidade desenvolvidas pela FAI. Marisa é exemplo desta conquista de espaço, principalmente a liderar a elaboração do projeto pedagógico da nova graduação da instituição pública de Adamantina.
Medicina
Ao iniciar a segunda turma de Medicina com 100 alunos, Marisa avalia como extremamente positivo o trabalho realizado pela FAI, que começou a ser idealizado quando Márcio Cardim assumiu a direção da Instituição de Ensino Superior.
“Começamos idealizar o projeto de Medicina para Adamantina, com a intenção de solidificar ainda mais a excelência dos cursos da área da saúde já existentes na FAI, que tanto contribuem para a comunidade, em suas clinicas e estágios realizados em hospitais, UBSs (Unidade Básica de Saúde) e outras instituições de saúde. Digo para Adamantina, pois a FAI é mais que uma instituição de ensino, ela abraça um município e uma região. A ideia surgiu com o propósito, não apenas para o desenvolvimento da Faculdade, mas sim para o crescimento regional, pois a região tem uma carência muito grande na estrutura de saúde e social. Nós, como educadores e profissionais da área da saúde, temos esse compromisso como cidadãos. A princípio foi realizado um levantamento, onde, além da necessidade identificada para o curso de Medicina, foi feito uma estudo sobre a viabilidade de se trazer a graduação com apoio de um grupo de docentes da Unesp de Botucatu e em especial da profa. dra. Ivete Dalben (Departamento de Saúde Pública) que infelizmente faleceu antes do curso ser aprovado, que nós apoiou muito, inclusive na revisão do projeto pedagógico”.
Da efetivação do projeto até encaminhamento ao CEE (Conselho Estadual de Educação), Marisa explica que se dedicou, coordenando a elaboração do projeto por mais de dois anos para a concretização deste sonho para Adamantina. “Depois deste procedimento, demorou aproximadamente mais um ano para aprovação do curso. Durante esse tempo de tramitação do processo no CEE, não ficamos parados, esperando. A FAI já tinha uma estrutura muito grande de laboratórios por ter mais de 30 anos de cursos na área da saúde, mas tínhamos que complementar. Então, durante essa tramitação trabalhamos na implementação desses laboratórios, biblioteca e a formação do corpo docente. Muitos dos nossos professores são da casa, pois temos profissionais muito bem capacitados”.
A primeira turma de Medicina iniciou em agosto do ano passado. Dos 100 alunos que ingressaram na graduação, todos continuam estudando na FAI. “Não tivemos evasão, o curso continua com 100 alunos que demonstram gostar da faculdade, da estrutura dos laboratórios e professores, são graduandos extremamente exigentes, alunos dedicados, que estão aqui realmente por que aprovaram nossa estrutura e encontraram tudo aquilo que nós realmente dissemos que encontrariam”, destaca.
Papel de destaque
Marisa explica que hoje é comum enfermeiras assumirem esse papel em cursos de Medicinas, pois, dentro da área acadêmica o que mais importa, além da área afim é a titulação do docente, neste caso, o Doutorado. “De igual para igual. Dentro da área acadêmica não se importa se é médico ou enfermeiro, o que é relevante é sua titulação acadêmica, sua capacidade de desenvolvimento naquela área. Não sou coordenadora do curso, sou Responsável Técnica e fui responsável pelo desenvolvimento do projeto pedagógico. Também estou à frente do desenvolvimento das ações de extensãoà comunidade dos cursos de saúde da FAI – o Programa FAI Social, onde com a interação de todos os cursos da área da saúde e parceria com instituição afins serão desenvolvidas ações direcionadas a comunidade, de forma constante, além de comandar o projeto do laboratório de simulação realística que está sendo criado, e deverá entrar em funcionamento no próximo ano para todos os cursos da saúde. Não posso deixar de destacar que meu departamento de origem na instituição é o de Enfermagem. Não tenho trabalhado apenas para Medicina, mas sim para os cursos da área de saúde da FAI”, afirma.
Referência
A mãe, enfermeira e professora Marisa se diz inspirar no exemplo de vida dos seus pais, Romildo e Olímpia Furtado Mozini. “Eles me ensinaram dentro de sua toda humildade como é a vida, duas pessoas simples que criaram os três filhos com muito trabalho e fizeram de tudo para estudarmos, todos nós com nível universitário. Por isso, eles são meu exemplo de amor, solidariedade e família”, finaliza Marisa.