O secretário estadual da Educação, José Renato Nalini, disse na terça-feira (5), em Campinas, que o governo não apenas não desistiu da chamada “reorganização escolar” como vai manter o remanejamento de alunos – principal ponto do projeto e que levou escolas à convulsão no ano passado.
“É impossível conservar uma estrutura estática, de um organismo que é dinâmico, vivo, mutante”, disse o secretário, referindo-se a uma conta feita pelo governo que identificou cerca de 2 milhões de vagas ociosas em centenas de unidades por causa da municipalização e mudança demográfica.
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Além do remanejamento – que iria atingir perto de 300 mil alunos –, o projeto pretende dividir as escolas em ciclos, separando alunos do ensino fundamental 1, ensino fundamental 2 e ensino médio em unidades diferentes.
Editado no ano passado, o projeto recebeu inúmeras críticas. Para os alunos iria representar o fechamento de escolas. No auge da crise, em dezembro, 213 escolas no Estado foram tomadas por estudantes, segundo levantamento da Apeoesp (Associação de Professores do Estado). O governador Geraldo Alckmin (PSDB) resolveu suspender a proposta para reavaliação.
“Não podemos dizer que esse projeto esteja sepulto”, afirmou Nalini, que garantiu que vai ouvir professores, estudantes, pais e especialistas, antes de uma nova tomada de decisão.
A professora Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp, disse que a entidade não foi chamada para rediscutir o projeto. “Se ele (Nalini) obedecer ao Programa Estadual de Educação, que prevê uma gestão democrática, terá de ouvir os interessados. Ou será que ele pretende decidir à revelia? Será que vai querer passar por cima da gente?”, questionou.
A entidade defende redução no número de alunos em sala e acha que a reorganização vai ampliar o problema de superlotação. A rede é formada por 4 milhões de alunos, 300 mil professores e 5,5 mil escolas.