O aumento da expectativa de vida da população é um fenômeno comum a quase todos os países do mundo. Estima-se que existe em torno de 900 milhões de idosos, tornando-se um desafio frente às diversas demandas que essa nova realidade exige da sociedade.
Neste cenário de envelhecimento da população, cresce também os casos relativos às doenças crônicas neurodegenerativas, como demências e, consequentemente, a Doença de Alzheimer, que representa mais de 55% dos casos deste tipo de diagnóstico.
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A prevalência de demência em indivíduos com 65 anos ou mais é de 7,1%. A idade é o principal fator de risco do Alzheimer, que atinge 50% das pessoas entre 90 e 95 anos.
A Federação Internacional das Associações de Alzheimer estima que essa demência afeta 47 milhões de pessoas em todo o mundo, e este número deve triplicar até 2050.
Demência
A demência é um quadro em que há um declínio da capacidade intelectual, suficientemente grave para interferir nas atividades sociais ou profissionais em pacientes conscientes, causada por comprometimento do sistema nervoso central persistente e progressiva.
Alzheimer
O psiquiatra e psicogeriatra, Miguel Ramalho Boiça, explica que a demência de Alzheimer é lenta e progressiva. “Inicialmente, há a perda de memória para fatos recentes, que compromete nas atividades do paciente, dificuldade para solucionar problemas, desorientação no tempo e no espaço (não sabe dizer onde está, ou que dia é hoje) e pode perder-se nos arredores, se deixado sozinho. Vai se tornando incapaz de realizar atividades da vida diária e de cuidar de si mesmo, passando a depender de cuidador”, explica.
Na fase avançada há uma perda significativa da linguagem, de desempenhar tarefas e nomear pessoas ou objetos, havendo também limitação de movimentos. “Alterações psíquicas, como apatia, depressão, ansiedade, psicose, alterações do sono, agitação e agressividade, então presentes em 75% dos casos, exigindo tratamento especializado com drogas antidepressivas ou antipsicóticas”, afirma o especialista.
O diagnóstico do Alzheimer é clínico. “Na tomografia de crânio pode aparecer atrofia cerebral, mas não é suficiente para diagnóstico, que é baseado nos sintomas do paciente”.
Outros tipos
Há outros tipos de demências, como a Frontotemporal, Corpus de Lewy, Vasculares, por Doença de Parkinson, entre outras, sendo degenerativas, progressivas e, muitas vezes, de causa ignorada e provoca alterações de comportamento. “Portanto, qualquer alteração súbita de comportamento, memória ou psicoses em idosos devem ser investigadas e tratadas”, orienta Boiça.
Hoje se sabe que a demência vascular, depois do Alzheimer, talvez seja a causa mais importante desta doença. “Ela se caracteriza por redução e ausência de circulação em diversas áreas do cérebro ao longo da vida do indivíduo”.
As demências, como são degenerativas, pioram com o passar do tempo. “Apesar de não haver cura, um tratamento correto pode retardar a evolução do processo e controlar os sintomas”, comenta Boiça.
Causas
Também não há como precisar as causas das demências, mas estudos apontam que os principais fatores de risco são idade avançada, comprometimento leve de memória, baixa escolaridade, colesterol, obesidade, genética, inatividade física e mental, dieta pouco saudável, tabagismo, alcoolismo, diabetes, pressão alta ou até depressão. “Por isso é extremamente importante cuidar dos casos de depressão em idosos, já que casos graves podem evoluir para demências. Portanto, o tratamento antidepressivo é protetor do cérebro e previne demências”, alerta Boiça.
Estudos mostram ainda que indivíduos que mantêm a atividade intelectual e física depois que se aposentam apresentam menores riscos de desenvolver essas doenças. “Quanto maior o grau de estudos e exercícios, menor a chance de desenvolver qualquer tipo de demência e, apesar de não ter cura, existem tratamentos que controlam os sintomas e retardam a evolução da doença”, finaliza.
Serviço
O psiquiatra e psicogeriatra, Miguel Ramalho Boiça, atende na alameda Fernão Dias, 620. Informações: (18) 3522-9357.