Adamantina, tal qual a conhecemos hoje, poderia ser diferente se promessas eleitorais feitas em campanhas fossem concretizadas. Das 139 propostas registradas pelos candidatos Ivo Francisco dos Santos Júnior e João Eduardo Barbosa Pacheco, ambos do PSDB, no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pelo menos 65% não foram concretizadas.
Entre os projetos cogitados para a cidade e que nunca saíram do papel estão a construção do Hospital Universitário, instalação do AME (Ambulatório Médico de Especialidades), remédio em casa, criação de pólo tecnológico, criação de novo distrito industrial, construção de viadutos sobre os trilhos da Fepasa e sobre a SP-294 (rodovia Comandante João Ribeiro de Barros) próximo ao distrito industrial, sediar Jogos Regionais, entre outros.
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Além da não concretização das promessas de campanha, a Administração Ivo Santos ficará marcada pelo caos deixado, seja nas finanças da Prefeitura, ou pelas obras paradas ou não concretizadas, indefinição da FATEC (Faculdade de Tecnologia) e a instabilidade política vivenciada nos últimos quatros anos.
Confira:
FINANÇAS
Como assumiu?
Ivo Santos assumiu a Prefeitura de Adamantina com saldo superior a R$ 10 milhões, segundo o ex-prefeito Kiko Micheloni (DEM). Conforme discurso de transição, o democrata afirmou ter deixado R$ 7.971.208,10 vinculados a convênios, educação e saúde; R$ 2.852.671,92 de recursos próprios; e R$ 152,11, saldo financeiro em caixa.
Na época, Ivo Santos contestou os números, dizendo que “o valor disponível representa menos de 10% do que foi divulgado. A maioria dos recursos anunciados pelo ex-prefeito, um total de R$ 7.971.208,10 estão vinculados, isto é, já estão comprometidos com convênios e serviços essenciais nas áreas da saúde e educação. Outros R$ 1.261.594,83 são restos a pagar deixados pela gestão anterior”, informou em nota, na época.
Como deixa?
Devido à má gestão dos recursos e a crise que assola a maioria dos municípios do país, a atual Administração deixará a Prefeitura com as finanças desequilibradas.
Apesar dos números não serem exatos, estima-se que a dívida com fornecedores ultrapasse os R$ 4 milhões, além de precatórios e outras ações que se acumulam com o passar dos anos, que podem chegar a um total de R$ 14 milhões (números não oficiais).
2013: + R$ 10,8 MILHÕES
2016: – R$ 4 MILHÕES
OBRAS
Como assumiu?
A administração Ivo Santos assumiu a Prefeitura com diversas obras em andamento ou conquistadas, com destaque para os recursos já vinculados e que não foram concretizados, como R$ 300 mil para a construção de quadra poliesportiva próxima ao campus III da FAI; R$ 269 mil para término do Centro Comunitário do Parque do Sol, que ainda a população não pode utilizar; R$ 951 mil reservados para compra de terreno para construção de casas populares, que também não saiu do papel; R$ 184 mil para término da construção do PSF do Jardim Brasil, obra que se deteriora com o tempo; R$ 52 mil para construção do centro de convivência da juventude, também não concretizado; entre outras.
Como deixa?
Além de não concretizar obras que estavam na época em andamentos ou conquistadas, a atual gestão deixa um problema de aproximadamente R$ 5 milhões: crateras no Parque dos Pioneiros. Sem recursos em caixa e com os governos Estadual e Federal na contenção de verbas destinadas para os municípios, será um dos principais problemas de infraestrutura que o novo prefeito terá como desafio a partir de 2017.
FATEC
Como assumiu?
Em 21 de setembro de 2011, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou uma das principais conquistas para Adamantina: a FATEC (Faculdade de Tecnologia), investimento de R$ 12 milhões somente para construção do prédio.
No dia seguinte, em entrevista coletiva, o ex-prefeito Kiko Micheloni já anunciava a instalação provisória da FATEC no campus I da FAI e desencadeou, a partir de então, uma série de medidas para a instalação da FATEC na cidade, entre as quais, a definição, em 2012, da área próxima ao Terminal Rodoviário/Jardim Brasil, para receber o prédio com piso térreo e dois andares.
Como deixa?
Problemas na doação do terreno, que não poderia ter ocorrido em ano eleitoral (2012), desencadeou o impasse na concretização da FATEC, em Adamantina.
Em 2013, Ivo Santos propôs uma faixa de terra rural oferecida por um agropecuarista às margens da SP-294 (entre os trevos da FAI e Lagoa Seca) para construção da Faculdade e a instalação provisória nas dependências da antiga escola Alto Padrão, sendo anunciado também o começo das aulas para o segundo semestre de 2014, o que não se efetivou.
Já em setembro de 2014, a atual Administração anunciou o Educandário Madre Clélia como local provisório para funcionamento da FATEC, ficando a Prefeitura responsável pelo pagamento de aluguel. Foi anunciado também o início de funcionamento da FATEC em 2015, o que não se concretizou.
Ainda em 2015, uma nova tentativa: Ivo Santos apresentou uma nova área, no prolongamento da avenida Rio Branco (após o Jardim Adamantina), rejeitada em votação da Câmara Municipal.
Devido ao impasse o prefeito eleito Márcio Cardim (DEM) afirmou em entrevista ao Grupo Joia de Comunicação que “Adamantina perdeu o prédio da FATEC, não sendo possível, neste momento, sua efetivação devido às condições financeiras do Governo do Estado”.
INSTABILIDADE POLÍTICA
Como assumiu?
Ivo Santos assumiu a Prefeitura de Adamantina não sendo uma unanimidade entre a população. O tucano foi eleito em outubro de 2012 com 42,62% dos votos, pouco a frente do então candidato da situação, José Roberto (DEM), que obteve 39,15%. A eleição contou ainda com outros dois candidatos, João Grandão (PT) e Beth Meirelles (PV), ex-vice-prefeita de Kiko Mecholoni.
Na época, o resultado da eleição representou um desejo da população pela renovação, já que os Democratas governaram o Município por oito anos.
Como deixa?
Mesmo com desejo da população pela renovação, Ivo Santos escolheu para seu governo nomes que já haviam participado da sua primeira gestão (1993 a 1996).
Com problemas visíveis de saúde de Ivo, a Administração ficou nas mãos dos secretários, que logo de início afastaram o vice-prefeito dr. Pacheco do governo municipal. Além disso, aliados que ajudaram a eleger o tucano trocaram de posição, como o vereador Luiz Carlos Galvão (REDE), que se tornou o principal opositor na Câmara Municipal.
Único aliado eleito no Legislativo, a mudança de postura de Galvão deixou a gestão Ivo Santos frágil e sem articulação com os parlamentares.
Houve várias trocas de secretários, que sem o comando e pulso firme de Ivo, entraram em conflitos e desentendimentos. Vários secretários deixaram os cargos ao longo dos quatro anos, gerando uma instabilidade no Governo.
Diversas denúncias foram feitas ao Ministério Público, como a que resultou no afastamento de Ivo do cargo em novembro de 2015. A decisão foi fruto de investigações que apuraram irregularidades na emissão de cheque para pagamento de precatórios, no valor de R$ 276.259,50, elaborado nominal ao então Secretário Municipal de Finanças, Neivaldo Marcos Dias de Moraes, depositado em seguida em sua conta pessoal.
Após a realização de buscas de documentos por Promotores de Justiça e Oficiais de Justiça, em junho do mesmo ano, nas dependências da Prefeitura, Moraes pediu demissão do cargo. Antes, porém, reintegrou aos cofres públicos o dinheiro que estava depositado em sua conta pessoal.
Com a decisão judicial, o vice dr. Pacheco, assumiu a Administração Municipal trocando todo o secretariado. Mas, em dezembro de 2015, a Justiça reconduziu Ivo ao governo, voltando sua equipe de trabalho.
Porém, em fevereiro deste ano, a Câmara Municipal cassou o mandato de Ivo Santos após investigação da CIP (Comissão de Investigação Processante) que apurou prática de improbidade administrativa devido à emissão do cheque para pagamento de precatório.
A denúncia foi feita no dia 9 de dezembro do ano passado por um cidadão e tem como base a acusação realizada pelo Ministério Público de improbidade administrativa por desvio de verba.
Assim, dr. Pacheco retornou a Prefeitura em meio a uma crise política e financeira sem precedentes.
Essa instabilidade resultou na eleição de Márcio Cardim, com mais de 80% dos votos, para o comando da Administração Municipal a partir de 2017.