A velha ideia – presente não só no senso comum mas na Medicina e na Psicologia – de que não podemos mudar nossas características de personalidade com o passar do tempo vem cada vez mais caindo por terra. Nos últimos anos descobertas fundamentais no campo da biologia e das neurociências estão provando que tanto o cérebro como a mente humana podem se rearranjar de maneira extrema. As pessoas podem se reinventar em qualquer estágio da vida.
Traços negativos de personalidade são relativamente fáceis de mudar em qualquer idade. Características como a timidez, a teimosia, a dificuldade de concentração e de relacionamento, o temperamento explosivo, a impaciência, a frieza emotiva e o pessimismo podem, com algum treinamento e aprendizado, serem atenuadas e até vencidas totalmente.
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E a idade não é um fator inibidor de mudanças mas, essencialmente, um estímulo para ela.
As pesquisas recentes sobre o Desenvolvimento Adulto mostram que grande parte das potencialidades humanas só se manifestam em sua plenitude quando as pessoas atingem um estado de equilíbrio e saúde mental. Estado esse que se efetiva no decorrer do processo transformador da meia-idade. Em inúmeras pesquisas sobre desenvolvimento humano há evidências claras de que, às vezes, basta dar tempo ao tempo para que muitos dos entraves emocionais da juventude e do começo da idade adulta cedam e abram espaço para a capacidade criativa.
Portanto, ao contrário do que temos visto ser exaltado na cultura contemporânea, que cultua a juventude acima de todas as coisas, as pesquisas sobre desenvolvimento da personalidade estão mostrando que em grande parte a plena realização da vida humana se dá quando a mocidade cede lugar à maturidade.
Giovana Lopes
Psicóloga – Psicoterapeuta – Psicanalista – Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), Candidata IPSO – International Psychoanalytical Studies Organization e
membro da Organização dos Candidatos da América Latina (SOCAL).