O aparecimento de cobras em áreas urbanas em períodos quentes é bastante comum. Entretanto, a constância de diversas espécies nestes locais revela certo desequilíbrio ambiental e coloca a população em alerta.
Na última semana, pelo menos duas cobras apareceram próximas a residências em Adamantina, no Jardim Primavera e no Parque Universitário. Os dois casos não constam na relação de ocorrências do Corpo de Bombeiros, que em março capturou répteis no Jardim Brasil e no Parque do Sol.
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Levantamento da Corporação aponta ainda que o aparecimento de cobras dobrou em um ano, passando de três em fevereiro de 2016, para seis no mesmo período de 2017. No acumulado deste ano, os casos chegam a 11, mas o número pode ser maior. “Houve pelo menos outras 10 ocorrências em que fomos acionados, mas ao chegar ao local não encontramos o animal para ser capturado, o que não consta no levantamento”, explica o cabo Valente.
Os casos são geralmente registrados nas extremidades do município. Parque do Sol, Distrito Industrial e Jardim Bela Vista foram alguns dos bairros que os répteis foram encontrados, principalmente dentro das residências, mas há relatos de aparecimento também no centro da cidade. “As serpentes gostam de se entocar, portanto o acúmulo de lixo, entulho, madeira é um prato cheio para um bom esconderijo de cobras”, alerta.
E foi essa situação relatada pelos moradores do Jardim Primavera e Parque Universitário nas redes sociais, que cobraram limpeza das áreas verdes próximas aos bairros. “Já cansei de reclamar na Prefeitura. A frente da minha casa parece um lixão, até cobra aparece aqui. Cadê o prefeito e os vereadores que não fazem nada?”, cobrou Alexia Merloti.
O levantamento do Corpo de Bombeiros traz outro alerta a população: as espécies de répteis encontradas geralmente são venenosas, como a Jararaca, que somente este ano apareceu em três casas da cidade.
A corporação orienta que nunca se deve ter contato com o animal ou tentar capturá-lo. No ano passado, um homem, de 32 anos, ficou mais de um mês internado ao tentar remover o réptil do meio da rua no Parque dos Pioneiros. “Não se deve segurar as serpentes com as mãos. Mesmo quando mortas, suas presas continuam sendo um risco de envenenamento. Outra orientação é que também nunca se deve matar o animal, que não é um criminoso. Ele aparece devido ao desequilíbrio da natureza. Por isso, deve-se ligar para o Corpo de Bombeiros, que iremos até o local fazer a captura e soltá-lo em uma mata fechada longe da área urbana”, explica.
E, caso for picado por uma cobra, a dica é manter a calma, deitar e pedir ajuda, ou ligue para o resgate. “Se ficar nervoso, sair correndo, o metabolismo é acelerado e a ação do veneno é mais rápida. Leve sempre a cobra ou uma foto para que o animal seja identificado no hospital. Existem quatro gêneros de serpentes peçonhentas no Brasil e um antiveneno específico para cada um destes gêneros”.
O que é importante saber
Entre os animais peçonhentos mais perigosos estão as cobras. As picadas atingem 80% as partes do corpo localizadas abaixo dos joelhos e 19% atingem mãos e antebraços. O uso de botas em lugares de mata pode evitar 80% dos acidentes e a utilização de sapatos comuns, evita-se até 30% dos casos.
Para evitar a presença das serpentes nas proximidades da residência, é importante realizar a limpeza de áreas ao redor da casa, paiol ou plantação, eliminando montes de entulhos, acúmulo de lixo ou de folhagens secas e alimentos espelhados no ambiente. “Essas medidas evitam a aproximação de ratos, pois, como se sabe, são o principal alimento das serpentes”, recomenda.
Sempre que for remexer em buracos, folhas secas, vão de pedras, ocos de tranco ou caminhar pelos campos, use um pedaço de pau ou graveto. “Eles ajudam a evitar acidentes”, disse.
Cobras gostam também de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhas de feijão, milho ou cana. “Atenção ao calçar sapatos e botas. Animais peçonhentos podem se refugiar dentro deles”, alerta o cabo Valente.
Medidas a serem tomadas em caso de acidentes
:: Não amarre o braço ou perna acidentada. O torniquete, ou garrote dificulta a circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena e não impede que o veneno seja absorvido.
:: Não adianta chupar o local da picada. É impossível retirar o veneno do corpo, pois ele entra imediatamente na corrente sanguínea. A sucção pode piorar as condições do local atingido.
:: Não coloque folhas, querosene, pó de café, terra, fezes e outras substâncias no local da picada, pois elas não impedem que o veneno vá para o sangue. Ao contrário, podem provocar uma infecção, assim como os cortes.
:: Evite que o acidentado beba querosene, álcool e outras substâncias tóxicas que, além de não neutralizarem a ação do veneno, podem causar intoxicação.
:: Mantenha o acidentado deitado, em repouso, com a parte atingida em posição mais elevada, evitando que ele ande ou corra.
:: Retire anéis, pulseiras ou qualquer outro objeto que possa impedir a circulação do sangue.
:: Leve imediatamente o acidentado ao serviço de saúde, para que ele receba soro e atendimento adequados.
:: O soro, quando indicado, deve ser aplicado o mais breve possível e em quantidade suficiente, por profissional habilitado. Deve ser específico para a serpente que o picou. Ex.: o soro antibotrópico para picadas de jararaca não é eficaz para picadas de cascavel (deve ser o soro anticrotálico) ou de coral (soro antielapídico).