As Unidades de Pronto Atendimento (UPA) foram idealizadas para qualificar os serviços de urgência e emergência, e assim desafogar os hospitais públicos, mas grande parte delas, embora prontas, não atendem ao público. Esse é o caso de Adamantina.
A UPA de Adamantina começou a ser construída em maio de 2011, com um orçamento previsto de R$ 1.076.250, e deveria ter sido concluída em janeiro de 2012, o que se deu apenas em 2017. Essa semana o prefeito Marcio Cardim comunicou que a prefeitura desistira de colocar a UPA em funcionamento devido aos altos custos para seu funcionamento, aproximadamente 500 mil reais mensais, 6 milhões por ano.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em abril de 2016 – quase dois anos atrás -, o então prefeito, Dr. Pacheco afirmou que “Por mim a UPA não vai funcionar. Só se tiver outro maluco para assinar o convênio”. Segundo o ex-prefeito, seriam necessários 300 mil reais para colocar a UPA em funcionamento, e esse seria o fim do funcionamento pronto socorro da Santa Casa, pois todos os atendimentos de emergência seriam realizados na UPA.
Portanto, já era sabido que UPA e Pronto Socorro da Santa Casa eram incompatíveis, por falta de recursos, ao menos inviáveis na usual forma de captar e gerir recursos em uma cidade como Adamantina.
Mesmo diante desse cenário, segundo Reportagem da Folha Regional, o prefeito Cardim “afirmou, por várias vezes durante o ano de 2017, que colocaria a UPA em funcionamento a partir do primeiro semestre deste ano (2018)”.
Mas nesta semana, “a Administração Municipal decidiu devolver o dinheiro investido pelo Governo federal, nada menos que cerca de R$ 1,8 milhões, na construção do prédio. A atitude foi anunciada à imprensa pelo próprio prefeito Márcio Cardim (DEM)”.
Não estamos dando o devido contexto a devolução dos recursos que foram investidos, que é mais político do que financeiro, embora política e finanças estejam atreladas. Nossos políticos não costumam olhar para os cofres, ou nas expectativas de arrecadação para tomarem decisões, usualmente populistas. A UPA não é caso exclusivo da Administração Cardim, mas envolveu 4 prefeitos, de dois grupos distintos que governam a cidade há décadas. Todos usaram a UPA e a saúde como elementos chaves em busca de votos, o primeiro para tentar eleger seu sucessor, o segundo para tentar se eleger, e depois de cassado, a UPA caiu no colo do vice-prefeito que assumiu, e por último, o atual prefeito alardeou, durante as eleições, que inauguraria a UPA e tornaria a cidade referência regional em saúde.
Pensem em todos os secretários da saúde que ocuparam o cargo nessas últimas 4 administrações, e apontem mudanças efetivas e significativas na qualidade no atendimento da saúde pública de na nossa cidade. Não me refiro aos profissionais da saúde, que se desdobram para atender a comunidade, não apenas de Adamantina, mas da região, que sofrem por falta de recursos destinados a saúde, investimentos, estratégia, planejamento e inteligência gestora.
Refiro-me, acima de tudo, aos responsáveis que ocuparam cargos no executivo, e a falta de planejamento, que custou, custa e custará muito caro para todos nós, e a UPA é um grande exemplo, e espero que com esse novo fato a gente aprenda, um pouco mais, sobre como é feita a política de nossa cidade, e dessa forma consiga dimensionar e dar o real contexto ao problema – que não tem nada a ver com Santa Casa, ou com os Freis, mas sim com a forma que a política, dominada por dois grupos de nossa cidade, é feita – e dessa forma, passe a não mais aceitar discursos “bonitos” e vazios que visam amealhar votos, ou até mesmo disfarçar e encobrir incompetências, e comece a cobrar os responsáveis.
Uma obra que a princípio foi orçada, em 2018, em R$ 1.076.250, hoje vale quase o dobro, 1,8 milhões de reais. Dinheiro que sairá dos cofres públicos – 1,8 milhões de reais que não serão aplicados na cidade, ao fim e ao cabo, quem paga a conta, somos nós, contribuintes, em todas as pontas, em impostos exorbitantes, na falta de serviços públicos de qualidade. Ao fim e ao cabo, pagando a conta da incompetência, inépcia, imperícia e irresponsabilidade administrativa.
Precisamos ter tudo isso em mente. Olhar para aquele prédio e pensar, “custou 1,8 milhões que poderiam ter sido investidos em qualidade de vida para a população”! Uma administração pública deve ser pautada por profissionalismo, planejamento e ações que visem a qualidade de vida da população. E infelizmente, em todos esses anos, a prefeitura tem falhado na constituição de políticas públicas, na promoção de ações efetivas para melhor condição de vida de toda a sociedade.