Criticada por parte da população, gestão Márcio Cardim também é alvo de questionamentos dos vereadores

Nas últimas sessões, críticas mais incisivas foram expostas pelos parlamentares, entre eles Acácio Rocha, presidente do partido do prefeito

Vereador Acácio Rocha (DEM) explica críticas ao Executivo municipal (Foto: Arquivo Pessoal)

Por todos os cantos de Adamantina é fácil escutar críticas à Administração Municipal. Quando se acessa as redes sociais, os julgamentos de má gestão ficam mais evidentes, com diversas mensagens, publicações e até zombarias ao prefeito Márcio Cardim (DEM) e seus secretários.

As cobranças da população também refletem na Câmara Municipal, que representa os anseios da comunidade. Nas últimas sessões, críticas mais incisivas foram expostas pelos parlamentares, entre eles Acácio Rocha, presidente do partido do prefeito. Mesmo fazendo parte do mesmo grupo político do vereador, Cardim foi alvo das reclamações, relacionadas, muitas vezes, às questões simples do cotidiano da cidade.

Nesta entrevista o IMPACTO traz uma análise de Acácio Rocha sobre o momento atual da Administração Municipal. Para ele, a situação atual de Adamantina é melhor do que foi encontrada em janeiro de 2017 pela equipe de Márcio Cardim. “Mas os mesmos olhos que enxergam os avanços, também veem aquilo que não evoluiu, e até retrocedeu, e nisso não há cegueira, nem para o que é positivo, quanto para o que é negativo”, pontua.

IMPACTO: O que tem motivado críticas mais incisivas nas últimas sessões em relação ao Executivo?

Acácio Rocha: A crítica é parte do ambiente político e de governo e reflete uma fala de insatisfação, descontentamento e alerta, muitas das quais com o recorte do momento. Nas minhas colocações as faço com a expectativa de provocar um despertar para o tema em debate, e em diversas situações tratam de atividades do cotidiano do serviço público, que eventualmente passam despercebidas, sem a atenção e o suporte.  Essas colocações, quando trazidas a público, se dão porque todas as tentativas de sensibilização, contribuição e resolutividade já foram buscadas.

IMPACTO: Quais os principais alvos dos questionamentos?

Acácio Rocha: Na grande parte, tratam do cotidiano, da zeladoria, dos cuidados com a cidade no tempo presente. Reconheço, aplaudo e valorizo, e contribuo também atuando hoje para as demandas estratégicas, de grande complexidade e futuras, mas o cotidiano não pode ser deixado de lado. Coisas simples, da atribuição do gestor, do secretário, das equipes, dos funcionários, precisam ter iniciativa de ação. Se uma lâmpada está queimada, e há reclamação, é porque o poder público não teve contato com esse problema, seja pela ausência de proatividade e gestão, ou pela falta de comunicação pelo cidadão reclamante. Ao final, essa ausência de zeladoria, por exemplo, que é de competência executiva, transfere demandas corriqueiras ao poder legislativo, que poderia ter uma atuação muito mais produtiva e estratégica, do que ficar elencando buracos nas ruas, terrenos com matos e lâmpadas queimadas. Há capacidade para fazer, tanto é que após fazermos as cobranças, as questões simples acabam sendo resolvidas. Nisso, identifico que há alguma falha no arranjo operacional interno.

IMPACTO: O posicionamento da maioria dos vereadores é neste sentido, de críticas à gestão Márcio Cardim. Há uma comunicação entre os poderes? O Executivo está aberto às demandas do Legislativo?

Acácio Rocha: Há críticas, por diversos colegas e sobre diversos cenários da administração. Mas há também, com destaque, uma posição colaborativa do legislativo, em buscar recursos para custeio e investimentos públicos para a cidade, em melhorar a estrutura dos projetos de lei e garantir sua segurança jurídica, e até mesmo nas críticas, no sentido de enxergar e sinalizar para aquilo que o executivo talvez não veja. Nessas críticas, o outro lado precisa ter sensibilidade e maturidade para recebê-las, e vê-las como iniciativas contributivas. E o mais importante: de melhorias para o cidadão. Os pedidos não são para os nove vereadores, mas para os 35 mil moradores de Adamantina, que se veem representados e nos cobram abertamente nas ruas e nas redes sociais, onde nos fazemos muito mais presentes nesse relacionamento com o cidadão.

IMPACTO: A gestão municipal se mostra otimista em relação aos resultados apresentados até o momento. Do outro lado, a população também vem mostrando, pelo menos nas redes sociais, indignação em relação ao trabalho desenvolvido pela Prefeitura. Porque visões diferentes?

Acácio Rocha: O resultado até agora do prefeito Márcio Cardim, nas questões estratégicas, é muito bom, sobretudo em áreas como saúde, infraestrutura, na assistência social e educação. Sei reconhecer isso. Todos nós vereadores sabemos reconhecer. A Adamantina de março de 2019 é muito melhor do que aquela recebida em janeiro de 2017, e não podemos nos cegar e não reconhecer isso. Há méritos, avanços e muita ação positiva. Mas os mesmos olhos que enxergam os avanços, também veem aquilo que não evoluiu, e até retrocedeu, e nisso não há cegueira, nem para o que é positivo, quanto para o que é negativo. Mas acredito que ao final do ano que vem, ao encerrar o mandato, o prefeito vai entregar uma cidade muito melhor. Em relação às críticas, um rápido mapeamento permite identificar os pontos mais contestados pela população, onde muitos dos quais se referem ao cotidiano e que impactam no dia a dia do morador, que a partir disso extrai sua percepção e se posiciona. Por outro lado, também contribui para isso a expectativa criada em torno das propostas apresentadas no período da de campanha combina, e o desejo do morador por resultados imediatos, o que é bastante difícil. Estamos pouco mais do meio do mandato, há um longo caminho de oportunidades, ainda pela frente, e vamos atuar nesse ambiente, somando forças em tudo que exigir a união dos poderes e lideranças.

IMPACTO: Comum também na fala dos vereadores são críticas a alguns secretários municipais. A equipe da Prefeitura atua de forma a atender as demandas do Município?

Acácio Rocha: Na equipe de secretários há muitas diferenças de perfis de atuação, desde a recepção a críticas e contribuição, atendimento e capacidade para atuar como gestor público, relacionamento com a população, entre outros fatores. Há secretários muito bons, mas isso não é uma totalidade no quadro. Essa colocação também faço à procuradoria municipal. O que fica visível, e exposta, é a ausência de uma atuação uniforme, acessível e sensível, no todo, o que gera destaques positivos e negativos, nesse quadro. Falta também, a meu ver, habilidade política, para se relacionar com o legislativo, com a sociedade e com as lideranças.

IMPACTO: O que precisa ser feito para mudar essa visão crítica ao Executivo?

Acácio Rocha: Primeiro, é a autocrítica do próprio executivo, nos campos da gestão e da política, e nela reconhecer suas habilidades e deficiências. No campo das habilidades, há capacidade e possibilidade para avançar mais, em todos os aspectos, e apresentar à comunidade um saldo ainda mais positivo. Fazendo isso, e reconhecendo as próprias deficiências, trabalhando os fatores negativos e as limitações, a somatória pode se refletir em uma importante força, capaz de fazer muito mais. Da minha parte, e acredito que de todo o legislativo, há e sempre haverá reconhecimento àqueles resultados considerados bons, até então alcançados, bem como a disposição em somar forças pela cidade.

IMPACTO: Considerações:

Acácio Rocha: A vontade de acertar e de fazer Adamantina evoluir, sempre, é de todos. Não há ninguém, entre o atual legislativo, o executivo, entre as lideranças e a totalidade da população, que não queira isso. Uma cidade organizada, dinâmica, próspera, com pique e fôlego, vai se refletir e mais oportunidades, para todos e em todos os campos. O ganho é geral e compartilhado com todas as áreas. Essa é a minha busca, e nela não abro mão de atuar com liberdade e ser parte nessa somatória de forças, elogiando e contribuindo em tudo que for para construir, e também apontando aquilo que não valido, com a certeza de que o saldo final, pela cidade, faz valer a pena.

FONTEDA REDAÇÃO | GRUPO IMPACTO
Conteúdo anteriorMoradora encontra dificuldade em solicitar isenção de IPTU depois de ter casa alagada
Próximo conteúdoCasas populares serão sorteadas na segunda-feira