Falar que o trânsito de Adamantina tem problemas chega a ser repetitivo. A constatação é diária, seja por motoristas, pedestres ou ciclistas. As autoridades municipais também estão cientes dos entraves, que vão desde a falta de mobilidade até erros em placas e marcações viárias.
No último dia 21, o prefeito Márcio Cardim recebeu relatório sobre a sinalização de trânsito, envolvendo horizontal, vertical, semafórica, circulação, movimentos de conversão e fiscalização. O documento, com 40 páginas, foi desenvolvido por equipe de engenheiros especialistas, contratados pela AEAANAP (Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Nova Alta Paulista) em parceria com o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo).
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“É uma importante contribuição da Associação dos Engenheiros e do Crea-SP, por meio de suas diretorias, para resolução de um dos principais problemas da cidade, o trânsito. As entidades estão inseridas na realidade local, colaborando para a construção de um município com estrutura mais adequada para a população”, destaca o presidente da AEAANAP, engenheiro agrônomo André Luis Borrasca, durante ‘Encontro Trânsito e Mobilidade Urbana’, organizado com apoio do Crea-SP, IPPEA e CDER-SP (Colégio de Entidades Regionais de São Paulo).
Para a análise foi considerado as normas da ABNT (Associação Brasileira das Normas Técnicas) e regulamentações do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) pertinentes a cada um dos pontos verificados de forma amostral. Além disso, os especialistas se reuniram com o Departamento de Trânsito do Município, “ressalvando ser necessário um estudo de engenharia de tráfego mais aprofundado e detalhado de todos os pontos críticos e da circulação geral”, consta no relatório.
Para melhor compreensão do poder público municipal, o documento é composto por definições legais, importância e situação atual das sinalizações e fiscalização, como a sinalização horizontal (para cruzamentos, faixas de pedestres, demarcação de conflito, pare, lombadas, entre outros).
Neste ponto, o relatório aponta algumas inconformidades com a legislação referente ao tema. Entre os problemas encontrados estão o não alinhamento entre a faixa de pedestre e guia rebaixada para deficiente, ausência de sinalização em locais de estacionamento no eixo central da via, ausência de linha contínua nas aproximações, indicando ou não mão dupla de direção, entre outros.
“Destacamos, entretanto, a importância da sua correta instalação, observando critérios técnicos sobre padronização, uniformidade, clareza, precisão, legalidade, suficiência, confiabilidade, visibilidade, legibilidade, manutenção e conservação”, pontua o relatório, que ressalta a necessidade de uma sinalização adequada de forma a aumentar a segurança e ordenar fluxos de tráfego – um dos principais problemas do trânsito local.
O relatório exemplifica os problemas encontrados em Adamantina, como no acesso ao Campus II da UniFAI (Centro Universitário de Adamantina). No local consta a ausência de sinalizações vertical e horizontal e iluminação insuficiente, principalmente nas faixas de pedestres. “Os ônibus não possuem baia de acesso para embarque e desembarque seguro dos passageiros”, ressaltam os especialistas.
Os semáforos também foram objeto de análise do engenheiro civil, eletricista e segurança do trabalho, Clovis T. Martins, e do engenheiro civil Horácio Augusto Figueira. “Para melhor segurança e fluidez do tráfego, recomenda-se a instalação de focos semafóricos para pedestres, incluindo botoeiras sonoras para deficientes visuais e a redução do número de movimentos, ressaltando que em ambos os casos há necessidade de um estudo de engenharia de tráfego para melhor definição da solução e da programação semafórica a ser aplicada em cada um dos cruzamentos para diminuição das fases, o que resultaria em menor tempo de espera. Já as conversões à esquerda no cruzamento seriam suprimidas e redirecionadas, por meio de sinalização vertical adequadas de orientação. Com isso, os conflitos diminuem e a segurança aumenta, principalmente para os pedestres”, pontuam.
Sobre a fiscalização, os engenheiros relatam a falta de agentes para orientação e fiscalização de trânsito. “Como histórico, relatamos que durante visita a Adamantina em outubro de 2018, foram realizadas algumas pesquisas rápidas de observação de infrações reais em cruzamentos com semáforos e com pare, onde foram constatados altos índices de violações a legislação, incluindo uso de celular ao volante, não uso de seta, não uso de cinto de segurança, não parar no semáforo vermelho e de pare, dentre outras infrações. Nesta observação de 2019, verificou-se os mesmos tipos de infrações”.
O relatório ressalta a necessidade de estudos para alguns entroncamentos da cidade com problemas visíveis de mobilidade. Entre eles da avenida Rio Branco com a rua Sirlene Rodrigues Castro (esquina do Supermercado Sete), Rio Branco com a rua Tetsushi Haga (ligação ao Campus II da UniFAI), alameda Padre Nóbrega com a avenida da Saudade (Posto Cocipa) e trevo de acesso a SP-294 (rodovia Comandante João Ribeiro de Barros) – o Trevo da Santa.
Os especialistas concluem o documento destacando a necessidade de revisão da circulação e mãos de direção de algumas ruas e avenidas. “Sobre o número de vagas para estacionamento, percorremos no sábado (9 de novembro) cerca de 80 quadras formadas pelo quadrilátero entre as ruas Dona Josefina Dall’Antônio Tiveron x Antônio Shimidt Villela x Cônego João Baptista de Aquino x Hermenegildo Romanini e constatamos um sistema saturado em especial no Centro do perímetro observado”.
“Quero parabenizar o Crea-SP e a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Nova Alta Paulista pelo excelente estudo desenvolvido sobre mobilidade urbana, e também pelo relatório cedido ao Município, onde apresenta diversas contribuições de melhorias no trânsito de Adamantina. Os apontamentos e sugestões do relatório serão encaminhados à Secretaria de Planejamento que em conjunto com a Comissão de Trânsito iniciará confecção de projetos para sua execução”, pontua o prefeito Márcio Cardim. “O Município conta com o projeto do Governo de São Paulo, Respeito à Vida, aprovado no Detran, no valor de R$ 435 mil que será aplicado em melhorias no trânsito em Adamantina”, anuncia o gestor municipal.