Todos estamos vivenciando, desde o início desse ano de 2020, uma experiência completamente inusitada. Claro que cada um a seu modo, com suas próprias percepções, com sua maneira de digerir, enfrentar, curtir ou criar.
Numa família apaixonada por Rock – nossa Banda On the Road continua firme – a música tem sido nossa descontração e comunhão. Nos une, acalma e nos traz belas lembranças. Principalmente de algumas de nossas viagens, entre elas a que fizemos a Liverpool, onde nasceu a banda que inspirou tantas outras e que ajudou a mudar radicalmente o mundo a partir dos anos 1960: The Beatles.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Quando eu e Eduardo chegamos a Liverpool pela primeira vez, em 2001, levei um susto. Não sei bem o que esperava. Mas me surpreendi, ao sair da estação de trens, com os belos e imponentes prédios em estilo Neoclássico da Biblioteca Central e da Universidade de Liverpool. A cidade era muito mais que o Cavern Club. Era e é uma grande força econômica que, naquela época, explorava muito pouco o potencial turístico beatlemaníaco.
Na verdade, estavam iniciando, por aqueles dias, o passeio Magical Mistery Tour no famoso ônibus, que percorria os locais marcantes da vida e carreira dos quatro rapazes. E foi assim que passeamos pela longa Penny Lane – que se cristalizou “in my ears and in my eyes”. Paramos depois em frente ao portão do orfanato “Strawberry Fields”, agora forever, em minha mente; circulamos pelo porto onde já havia um “Yellow Submarine” inaugurado numa visita da Rainha Elizabeth a Liverpool; conhecemos as casas de Jorge, Paul e Ringo localizadas em vilas operarias da época e depois a casa John, numa avenida pouco mais central, onde ele morou com sua primeira esposa. Ouvimos histórias que já sabíamos, mas com riqueza de detalhes, contadas pelo guia beatlemaníaco; descemos nos porões onde ainda funciona o Cavern Club. Lembro que me assustei com o tamanho do palco, minúsculo. Dançamos nas boates da Mathew Street. Tudo tão simples, tão singelo, tão emocionante e tão bonito. Foi como entrar de corpo e alma no mundo da música da nossa adolescência. E descobrir como eles criavam maravilhas a partir de coisas tão simples: uma rua da cidade (em cuja esquina eles se encontravam), um orfanato, um porto, enfim….
Retornamos a Liverpool com mais tempo, há dois anos. Dessa vez o turismo beatlemaníaco já estava profissionalizado. A área do porto, totalmente remodelada, ganhou um sofisticado e completo museu dedicado aos Beatles que já contava com as famosas filas quilométricas formada por muitos chineses, coreanos, alguns europeus e outros poucos brasileiros. O Magical Mystery Tour continua firme e forte, porém com um guia menos apaixonado e mais profissional.
Com um pouco mais de tempo, pudemos conhecer o outro lado da cidade que é uma das grandes forças econômicas da Inglaterra. O Titanic, pasmem, foi registrado lá e levava o nome da cidade em seu casco – tem até um andar inteiro do Museu Naval dedicado ao navio. Durante anos a cidade foi responsável pela importação e exportação do Reino Unido, e foi palco de muitas outras histórias antes da chegada de Lenon, MacCartney, Harrison e Ringo.
E é inspirada neles que repenso essa questão da pandemia: talvez a mãe natureza esteja nos dando um recado- a nós e a toda a humanidade-, que vem cifrada na última frase, da última música do último disco dos Beatles: “…And in The End, the love you take is iqual to the love…you made…”.
QUER CONTINUAR ESSA CONVERSA?
Ouça nosso podcast Paideia Digital: The Beatles – no site da Rock your Life (rockyourlifefitness.com.br). Ouça os discos Magical Mistery Tour, assista o filme do mesmo nome ou o clip: https://www.youtube.com/watch?v=S-rB0pHI9fU. A música The End é a última faixa do LP Abbey Road.