Domingo, 5 de julho. Do quarto, escuto novas informações da Covid-19 na televisão, e logo os pensamentos se voltam para o início de mais uma semana convivendo com a pandemia. Estamos já no segundo semestre do ano!
No começo, a doença que atingia o mundo parecia tão distante que as consequências, hoje incorporadas ao nosso cotidiano, aparentemente não significariam transformações tão profundas.
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O novo coronavírus chegou ao Brasil, e passamos a ouvir e se adaptar as mudanças impostas por este vírus devastador. Devastou vidas, até esta data são cinco mortes em Adamantina. Devastou empregos, com dezenas de desempregados na cidade. Devastou histórias: pessoas que viram sua realidade mudar na mesma rapidez que a Covid-19 se alastrou pelo mundo.
No fim de março iniciamos a conviver com o tal do isolamento social. Na primeira semana, todos em casa. Claro, o medo do desconhecido era eminente, mesmo naqueles não tão crédulos sobre os impactos do vírus.
Diga de passagem, que semana estranha. Tudo parado, a grande parte da população em casa, deixando ruas desertas, a vida da cidade ficou vazia. No meio deste primeiro período de quarentena – acredito eu, o mais respeitado até agora – fiz aniversário, como também alguns amigos.
Datas que ficaram marcadas, sem motivos para comemorar. Até o tal do “feliz aniversário” parecia controverso.
Enquanto alguns ficavam em casa, para outros as obrigações não mudaram, como a minha, tinha que trabalhar, informar a população sobre os desdobramentos da pandemia em nossa cidade, região!
Todos os dias novas informações. No começo, relacionadas aos impactos do isolamento social. Certo? Uns diziam que sim. Errado? Outros defendiam a prematuridade da decisão. Passados 100 dias ainda não há uma unanimidade sobre o assunto (e nem deve ter tão cedo).
Depois começamos a noticiar os primeiros casos suspeitos. E, no fim de abril, a primeira confirmação da doença em Adamantina. Oficialmente o vírus chegou ao nosso cotidiano.
Desde então, os casos começaram a crescer, e mortes foram registradas.
O certo e errado se tornaram subjetivos. O normal e o anormal, sinônimos. A necessidade e o medo, desde então, caminham lado a lado. E, a cada dia, dormimos com a esperança que o amanhã chegará com boas notícias!
Essa esperança de dias melhores é uma das bases da fé cristã, como a minha. Acreditar no passageiro, também começa a se tornar cada dia mais difícil. Até a missa passou do presencial para o virtual, quem um dia imaginava tantas mudanças em pouco espaço de tempo?
Chegou maio, e em seguida junho. Porém, tudo na mesma. O vírus se tornou membro desta nova realidade, que tenta voltar a rotina com algumas mudanças. Qualquer lugar que vá, tem um pote de álcool em gel. A máscara é o nosso acessório do dia a dia, ainda mais que agora tem multa. Não dá para arriscar pagar 524 reais de multa em meio à crise econômica, e, claro, a nossa vida!
Com as recomendações de saúde, o comércio no mês passado abriu, e fechou. Abriu de novo, e tudo fechado novamente. Um dos setores mais afetados (de inúmeros) tentou também voltar a rotina. Sem sucesso!
Mas os dados (aumento nas internações), que colocaram a região na fase vermelha no controverso Plano São Paulo, motivaram decisões judiciais para que a cidade aderisse obrigatoriamente a quarentena. As ações de controle da doença parecem não surtir os efeitos desejados, com números crescendo a cada boletim epidemiológico.
Convivemos com problemas de saúde e econômico. E os emocionais. Como manter o equilíbrio emocional? Fica a pergunta.
Julho chegou! Mais de 100 dias convivendo com a Covid-19. E ainda, sem sabermos de nada, para onde podemos ir, como seguir?!
Neste período em que todos se tornaram especialistas, uns defendendo a saúde e outros a economia, que até uma simples cor torna-se motivo de discussão, vemos que ninguém sabe de nada ainda, e muitas das decisões são tomadas neste escuro imposto pelo novo coronavírus.
Desejo que essa semana que começa traga mais cor, de esperança, sensatez e sensibilidade para todos. Afinal, para alguns a vida segue sem qualquer mudança, mas, para outros, superar um novo dia já é uma grande vitória!