Caro leitor, dentre tantos contos que leio, este que irei citar é um dos que mais admiro e costumo utilizar nos momentos de reflexão.
O conto chama-se: “Penas ao vento”. Todavia, manifesto minha felicidade ao autor por tamanha sabedoria ao descrever algo sucinto e muito compreensivo.
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“Conta-se que, num tempo e lugar distante daqui; um jovem pecou levantando falso testemunho. Ele inventou uma história repleta de meias verdades sobre uma pessoa inocente. A fofoca se espalhou rapidamente e começou a prejudicar a vítima. Não existe mentira mais perversa do que meia verdade. Todos veem a metade verdadeira e deduzem o resto. O problema é que a outra metade era inventada…pura mentira. Ocorre que ao ver os danos causados, o jovem se arrependeu de seu pecado e procurou um velho sacerdote para fazer confissão. O sábio o atendeu calmamente, ouvindo cada uma de suas palavras. Ao final disse: – “Você está realmente arrependido deste pecado?” O jovem rapidamente respondeu que sim e que inclusive já havia pedido perdão à pessoa que injustamente havia acusado. – “Bem…” respondeu o confessor, “então antes de lhe dar a absolvição vou pedir que cumpra uma penitência. Você vai pegar um travesseiro de penas, subir em um alto monte e soltar as penas ao vento.” – “Só isso?” Admirou-se o penitente. – “Sim. Depois volte aqui”. No dia seguinte o jovem voltou satisfeito. Então o sacerdote disse: – “Agora você está preparado para cumprir a segunda parte da penitência: volte à planície e recolha todas as penas novamente no travesseiro, depois volte para receber a absolvição”. O jovem olhou sem entender: -“Mas isso é impossível”. -“Justamente. Da mesma forma é impossível reparar a fofoca. Apenas porque a misericórdia de Deus é infinita, você poderá receber o perdão. Mas o mal que você provocou ficará pairando sempre, como penas ao vento. Pense bem antes de falar novamente algo contra alguém!”. O sacerdote deu a absolvição e pediu que o jovem rezasse uma Ave-Maria por pena espalhada, como penitência.”
(Pe. Joãozinho, scj)
http:twitter.com/padrejoaozinho
A vida é tempo que não volta. As palavras saem e não retornam aos nossos lábios. O abraço que oferecemos ontem, não será o de hoje, nem o de amanhã. Vivemos na sociedade rodeada por fake news. Todavia, a notícia envolve seres humanos que possuem valores e são constituídos por princípios familiares e religiosos. Estes, possuem uma história e reputação que uma palavra mal colocada ou intencionada, destrói todo projeto edificado ao longo de sua vida.
São Paulo utiliza os membros do corpo para falar sobre a unidade. Caso algum destes venha a sofrer, todos os outros irão sentir o impacto. É lamentável quando se ergue nas comunidades falsas vozes, que em vez de ajudar no crescimento da comunidade, utilizam o ser humano como palanque para se auto promover. Nisto, observamos as penas como citada pelo autor sendo espalhadas indignamente ou como se costuma dizer na forma popular: de maneira “baixa”.
A exposição de uma pessoa faz com que sua credibilidade falte perante a comunidade e sua imagem seja integralmente ofuscada. É como um bêbado que reside numa cidade, ainda que deixe de beber, carregará um rótulo impresso por alguém até seu último suspiro.
A música popular brasileira possui uma canção que expressa bem os momentos hodiernos que a sociedade vivencia. A história de “Geni e o Zepilim” composta por Chico Buarque, narra a história da mulher que era acusada de coisas deploráveis por um grupo de pessoas, que, no entanto, estava protegendo aquela comunidade de uma destruição.
Pessoas como Geni, são constantemente esmagadas pela sociedade. Contudo, dentro da singularidade da humanidade, desperta um questionamento plausível e reflexivo: Quantas penas já foram espalhadas por mim erroneamente? Quantas vidas destruídas por palavras grotescas? Quantas famílias divididas por falso testemunho?
Antes de espelhar a pena, antes de difamar alguém, antes de perseguir alguém, antes de levantar falso testemunho, interroga-se: Eu gostaria de ser perseguido? Eu gostaria de ser humilhado? Difamado?
A verdade na caridade é caminho de o homem refazer-se.
E findo este artigo com uma provocação. Será que todo difamador, tem coragem de descer e pedir desculpas ou subir novamente e com mesmo tom da destruição do homem fazer a fala da reconstrução?
Penas para todo lado…. Seja acréscimo na vida dos homens e não divisão na sociedade.
Frei Conrado Rocha, fnpd.