“É complicado estar só, quem está sozinho que o diga, quando a tristeza, é sempre o ponto de partida, quando tudo é solidão” (Legião Urbana).
Pra “Ela”, onde estiver… com quem estiver… ouvindo e viajando, se possível, com o poeta da melancolia dos anos 90…
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Sérgio Barbosa (**)
Sim, eu me lembro como se fosse hoje… estava perambulando pelas ruas do centro de Sampa, isso na década de 90, quando, mais do que de repente ouvi em alguma esquina, uma música melancólica “… o futuro, não o passado…”…
Fiquei parado, sem saber o que fazer naquele momento estava no meio da multidão e sozinho ao mesmo tempo, depois de alguns segundos e nada mais, que depois, se tornaram séculos com os acontecimentos em meio aos desencontros de um talvez em meio ao nada…
Bom, eram eles de novo, ou melhor, era ele, sim, o poeta do rock nacional, aquele que cantava o seu interior sem perder o exterior… Renato Russo gritando e sendo sufocado ao mesmo tempo pela sua Legião Urbana, pudera também, de que adianta estar sem ser…
Foi neste instante, entre a contemplação do vazio numa rua central da minha Paulicéia desvairada que tomei uma decisão sem pensar, vou comprar este disco e levar para ela, mais um para a sua coleção particular da Legião Urbana, pois, pra mim, a coisa ficou até As Quatro Estações e nada mais…
Foi um encontro mais do que casual com A Tempestade em pleno centro de Sampa, quem sabe premeditado naquele dia qualquer, nublado como sempre nesta metrópole que dispensa comentários dos poetas de plantão, ainda mais, naqueles anos 90, uma tremenda ressaca de outra década perdida, os anos 80…
Entre um desencontro e outro patrocinado pelas letras e músicas do disco, fiquei ali, parado um bom tempo, ouvindo e me perdendo naquelas melodias do poeta do rock nacional, mas, nada dura para sempre disse outro poeta contemporâneo…
Logo em seguida, colocaram outra música e vocês sabem, loja de discos toca de tudo ao mesmo tempo, mais do que depressa, falei para o vendedor, quero este CD, este mesmo que estava tocando há pouco… por favor, é para presente, hoje ela vai ter uma surpresa e tanto, pensei comigo!
Mas, surprese mesmo fui eu que tive naquele mesmo dia quando cheguei em casa, ora bolas, o cara tinha embarcado sem se despedir, partiu para o outro lado, assim, sem mais e sem menos… ficou a poesia e a melodia daquele momento mágico em pleno centro velho da minha Paulicéia desvairada…
Ah! O tempo, sempre o tempo, quem sabe um novo encontro aqui ou ali para ajudar de vez ou atrapalhar para sempre, pois, quando tudo está perdido, sempre existe um caminho dizia o poeta da solidão…
Neste meio tempo, muitas coisas aconteceram, foram mais um ou dois anos com ela, depois, tudo se acabou como uma tempestade que passam pelo tempo sem o tempo…
Aí vem aquele momento da famosa divisão das coisas, mas o bicho pega sempre na hora do isso é meu… aquilo pode levar… isto não… de jeito nenhum meu… quem comprou fui eu e pronto! Ta bom, leve aquele outro, mas deixe um para mim, ta bom, pode escolher o que estiver a fim…
Conclusão, ela levou a coleção completinha da Legião Urbana (*), porém, deixou a Coleção dos Titãs, menos mal pensei…
Mas, ELA disse, é isso aí e ta de bom tamanho para você, afinal, quem ouvia e muita Legião Urbana aqui em casa era eu, você como sempre, ficava perdido com seu rock’and roll, sem falar naquela gritaria das outras bandas, portanto, vou embora e levo comigo a nostalgia da melancolia do poeta…
Uma despedida com a marca do legionário sem legião, ta vendo meu, você, Renato Russo, me fez recordar muito mais do que uma simples música neste novo tempo…
É isso aí meu, relações mais do que humanas neste novo tempo, se bem que, isso foi quase no final dos anos 90, estávamos de ressaca de tudo e com todos naquela mesmice de sempre…
______________________
(*) Até hoje a coleção da Legião Urbana está incompleta…
(**) jornalista diplomado e professor universitário.
e-mail: [email protected]