Imagine, você mulher, precisar de autorização do seu marido para trabalhar? Parece absurdo, não? Mas é verdade, ou pelo menos foi verdade prevista em lei, por mais de quatro décadas no Brasil. Essa e outras situações absurdas foram impostas às mulheres no Código Civil de 1916, que valeu até 1962.
Olhar pra trás e se deparar com absurdos como esse é chocante.
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Nestes mesmos anos, mulheres também não podiam votar, não dirigiam e não podiam ser nada além do que donas de casa. Isso falando apenas do século XX. Se formos traçar o histórico de absurdos, como o fato de mulheres serem propriedade de seus pais, maridos, irmãos ou quaisquer que fossem os chefes da família entre 1500 a 1822 na época do Brasil Colônia e toda violência e desrespeito aos quais as mulheres foram submetidas ao longo da história, este artigo seria pequeno.
Mas voltando a falar do século passado, década de 1960 e antes, quando a única condição possível para uma mulher viver com o mínimo de paz e dignidade era se casar, ser mãe e dona de casa, ninguém imaginou que podíamos ir além. E fomos.
Foi graças a grupos de mulheres consideradas ousadas na época, que nasceram os movimentos feministas em várias partes do mundo. Foi graças a coragem dessas mulheres que nós, hoje, podemos escolher: se trabalhamos fora ou não; se queremos dirigir ou não, se casamos ou não, se teremos filhos ou não. Esses direitos, que deveriam ser mínimos, não nos foram dados de forma natural. É bom sempre lembrar. Foi preciso muita luta, muito enfrentamento e muita coragem para conquistar tudo que conquistamos ao longo desses anos.
Por isso, sempre que você, mulher, pensar que só por ser mulher, não pode fazer algo, ou, tem que, ser ou fazer algo, lembre-se que muitas das coisas que achamos “normal” e “natural” para toda mulher ser e cumprir, na verdade, não é. São somente resquícios da estrutura de crenças ao qual esse mundo foi criado. Não são verdades. Mas por ainda pairar muito disso entre nós, ainda somos condicionadas e colocadas em uma caixinha cheia de regras e limitações, que começam sempre com “toda mulher tem que..” Ou “mulher de verdade é de tal jeito…” , portanto a luta deve continuar e nós precisamos dia a dia romper e desmentir os mitos que foram criados sobre nós mulheres.
Por fim, deixo aqui o slogan que foi usado na década de 1960, quando Kate Millett, escritora e ativista feminista, propôs o termo sororidade para mostrar a importância da luta diária das mulheres — e como a união poderia fortalecê-las: “Mulheres do mundo, unam-se”
Estela Mendes
Fotógrafa há 11 anos,
Graduada em Jornalismo pela UniFAI
Graduanda em Sociologia
Integrante do grupo ‘Manas que Transformam’