Olá, meu nome é Gustavo Adamo e sou um entusiasta do Cinema. Desde que comecei a estudar Cinematografia em si há uns 2 anos e meio tenho me dedicado a aprimorar minhas habilidades e conhecimentos na área. É incrível como essa atividade me traz reflexões e críticas além das que eu faria sem o conhecimento específico. Ao longo do nosso tempo junto aqui na coluna, me pautarei por compartilhar críticas cinematográficas, e quando possível, compartilhar meus conhecimentos.
Neste texto, vou abordar o filme Pra Frente Brasil (1982) dentro do contexto do dia 31 de Março (dia que precede dia 01/04, dia que ocorre o Golpe Militar em 1964). Espero que vocês gostem, para que eu me sinta inspirado a continuar a escrever essas críticas
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“Pra Frente Brasil” é um filme brasileiro de 1982, dirigido por Roberto Farias e estrelado por Reginaldo Faria, Antônio Fagundes, Natália do Vale e Carlos Zara. O filme retrata a violência da Ditadura Empresarial Militar no Brasil durante um contexto da Copa de 1970, que emplacou o famoso hino ufanista de mesmo nome do filme.
Antes de começar a análise do filme é importante entender o contexto de lançamento do filme em 1982 durante o Governo do militar João Figueiredo, principalmente pelo dito período de Reabertura, e apesar de estarmos dentro de uma reabertura política o filme ainda sim sofreu com a censura por parte do Governo. E a partir dos rechaços públicos, o filme que era pra ser publicado no início de 1982 acabou sendo publicado apenas após as eleições (eleições para Governador, Senador, Prefeito, Deputado Federal e Deputado Estadual), em Novembro.
O contexto retratado dentro do filme é o do ano de 1970, o filme começa nício perto dos dias 3/06 o primeiro jogo do Brasil na Copa do México (Brasil x Tchecoslováquia), e tem seu término durante o dia 21/06 que foi a Final (Brasil x Itália). Muito importante para o tempo do filme a demonstração tanto dos ditos “Anos de Chumbo”, pois fazia parte do estilo de propaganda do governo, o filme usa isso como um artifício, mostrando o jeito que os militares estavam mais atentos em relação à copa do que com o torturado.
A primeira tela do filme já prenuncia algo que é importante para o resto do filme, o filme é uma ode ao pacifismo, isso fica claro no trecho “No político no entanto, o governo empenhava-se na luta contra o extremismo armado”, o diretor deixa claro que não apoia nem os militares, nem os guerrilheiros. Já que um dos pontos do filme é mostrar que eles estão tão errados quantos os Militares pelo uso de força bruta, isso é mostrado em Jofre que sofre tortura no lugar de um membro da Guerrilha, e mais ao fim do filme quando é mostrado todos os membros da mesma morrendo ou se desmobilizando como é o caso da personagem Mariana interpretada pela atriz Elizabeth Savalla, enquanto o personagem Miguel Godoi interpretado pelo Antonio Fagundes, é tido como herói por ser um outsider que consegue matar o alto escalão dos empresários, retratando a dita “Furia do Homem Bom” (nas palavras do mesmo “apolitico”).
O elenco do filme é bastante competente, com destaque para a atuação de Antônio Fagundes, no papel de Miguel. É até estranho uma pessoa da minha idade ver o Antonio Fagundes mais novo como ele aparece nesse filme, Seu personagem Miguel é o protagonista da trama, mostrando o sufoco e dificuldades (mesmo que internas) de uma pessoa que teve um familiar morto nos “porões da ditadura”. Outros personagens da trama, como Mariana, são ao meu ver Subaproveitados e pouco desenvolvidos.
Outro ponto a ser destacado é a fotografia do filme, que parece um pouco datada e não utiliza muito bem os recursos disponíveis na época. As cenas noturnas, por exemplo, são pouco iluminadas e por vezes difíceis de entender. Em contraste com a montagem do filme, que é coesa e de fácil entendimento, fazendo cortes acertados, e deixando claro o plano de fundo da Copa do Mundo.
No geral, “Pra Frente Brasil” é um filme que retrata a ditadura dentro do seu tempo, cometendo alguns deslizes dentro da montagem. Não é um filme ruim, é um filme que não envelheceu tão bem quanto outros de mesma idade, isso parte do meu ponto de vista do diretor Roberto Farias que não está acostumado a retratar esse tipo de trama.