O adamantinense José Guilherme Vergílio Morita recebeu, no sábado (15), o título de bicampeão de laço cabeça jovem da ABQM (Associação Brasileira de Quarto de Milha),
O jovem foi homenageado no ABQM Awards, a noite de gala do Quarto de Milha que premia os melhores criadores, proprietários, competidores e animais da raça do ano hípico 2023-2024. O evento foi realizado em Campinas.
Em dezembro passado, a Revista VOX trouxe na capa a história de José Guilherme. Confira:
O DOM E A TÉCNICA DO ADAMANTINENSE CAMPEÃO MUNDIAL DO LAÇO
Com 15 anos, sendo apenas três participando de competições oficiais, José Guilherme Vergílio Morita acumula mais de 38 vitórias no laço de cabeça. O jovem adamantinense é exemplo de resultado que alia o dom à técnica
Desde o momento que pais e mães recebem a notícia da chegada de uma criança, desafios e escolhas se alternam em cada nova etapa da infância até a fase adulta. E neste processo de for mação, identificar e estimular os talentos dos filhos também são tarefas desafiadoras. Afinal, cada um nasce com um dom, e fomentar e encorajar essas virtudes podem transformar a vida deles.
José Guilherme Vergílio Morita é exemplo de como o dom com os estímulos corretos pode dar resultados surpreendentes. Com apenas 15 anos, o adamantinense é campeão mundial do laço cabeça. Mais do que isso: coleciona vitórias e conquistas em um esporte que carrega no sangue, mas que precisa de muita dedicação e técnica.
A INFÂNCIA
Essa história tem início muito antes do nascimento de José Guilherme. Ainda jovem, o pai dele, o médico veterinário Adriano Morita Borri, praticava provas de laço. Apaixonado pela modalidade, sonhava em se profissionalizar. Porém, a formação de sua família fez com que os objetivos mudassem, mas o gosto pelo esporte sempre se manteve, agora como um lazer.
Quando José Guilherme nasceu, o pai deu uma distanciada do laço. Dizia, conta a mãe Ana Karina Vergílio Morita Borri, que só voltaria quando o filho pudesse acompanhar. E dito e feito! Nos primeiros anos de vida, José Guilherme já demonstrava gosto pelo mundo country. Os pais recordam que o pequeno trocava os brinquedos pelo laço. E, com apenas 2 anos de idade, flagraram o filho laçando uma bicicleta que havia acabado de ganhar.
Com chapéu na cabeça, item obrigatório no vestuário desde a infância, José Guilherme foi se desenvolvendo. Agora, com idade para acompanhar o pai, o gosto pela modalidade do laço também foi crescendo. Em 2013, com apenas 4 anos, ele acompanhou a primeira prova com a família. “Me recordo que uma vez teve uma festa à fantasia na escola e ele me disse: “quero ir fantasiado de eu mesmo”. Colocou o chapéu, calça e a bota”, conta, a mãe. “Sempre teve contato com este mundo, mas era dele, o gosto estava no sangue dele”, completa o pai.
O INÍCIO DO LAÇO
E, como toda criança, José Guilherme cresceu, conciliando estudos e a vida comum de Adamantina, de brincadeiras com amigos. Em 2020, chega à pandemia de covid-19, o que mudou a rotina de todo o mundo, inclusive da família Vergílio Morita. Com isso, os pais se depararam com mais um desafio. “Ele não tinha mais aulas presenciais e o dia a dia de atividades foi suspenso. Não queríamos que ele ficasse apenas dentro de casa, só usando o celular, por exemplo. Por isso, optamos que o José Guilherme acompanharia o pai dele todos os dias na fazenda”, relata Ana Karina.
Este contato mais corriqueiro com os animais fez com que o dom dele despertasse e fosse identificado pelos pais. “Ele começou a laçar os cavaletes, já demonstrando habilidade. E depois passou para os animais, aumentando os treinamentos durante a pandemia, o que motivou a inscrevermos em uma prova de laço”, explica Adriano.
Em setembro de 2021, José Guilherme participa da primeira competição em Presidente Prudente, aos 12 anos.
TRAJETÓRIA DE VITÓRIAS
As primeiras provas disputadas foram na modalidade Breakaway Roping, que, de forma resumida e simplificada, pode ser definida como uma laçada feita por peões em bezerros.
Os resultados positivos de José Guilherme já demonstravam o talento diferenciado. Tanto é que, após três meses, ele já mudou de modalidade, atuando agora no Team Roping em que dois cavaleiros e seus cavalos tentam laçar um novilho em um tempo recorde.
Na primeira prova de Team Roping, conquista o 2º lugar, em Araçatuba. Era novembro de 2021. “Foi um resultado surpreendente, pela pouca idade e por ser a estreia nesta categoria”, relembra o pai, orgulhoso. Com isso, a família contratou profissionais do laço para melhorar a técnica de José Guilherme, já que visualizaram um futuro promissor neste esporte. “Ele tem o talento e tínhamos que aprimorar a qualidade técnica. E isso se faz com trabalho e muito empenho”, pontua Adriano.
Hoje, o jovem adamantinense tem uma rotina diária de treinamentos que envolve três treinadores: Rafael Paoliello, de Araçatuba, e Caio e Anderson Proença, de Presidente Prudente. “Meus treinamentos são mais focados na parte técnica realizados com o Rafael Paoliello, além de trabalhar também no cronômetro com outros dois conhecidos treinadores, o Anderson e o Caio Proença”, detalha José Guilherme.
Como toda rotina de atleta de alto nível exige muita dedicação e sacrifícios, de toda a família. “O José Guilherme ainda faz academia sempre alternando com as aulas na escola e, ainda, particulares. E temos também muito cuidado com a vida social dele para que seja um jovem como qualquer outro da sua idade”, afirma a mãe. Para isso, José Guilherme conta com apoio irrestrito dos pais. “Somos felizes por poder proporcionar essa oportunidade ao nosso filho. Sabemos do talento dele e, graças ao bom Deus, podemos nos dedicar para que ele avance cada dia mais. Sim, temos que abdicar de muitas coisas, já que é uma rotina incessante de treina mentos e competições, mas, como disse, somo felizes”, enfatiza Adriano. “Pedimos muito a Deus que nos dê discernimento para conduzir todo esse processo, não para o nosso filho ganhar, mas que preserve a saúde dele, a integridade física e que sempre faça o seu melhor”, completa Ana Karina.
CAMPEÃO MUNDIAL
Tais sacrifícios e dedicação resultaram em uma grande conquista: o título de campeão na prova de laço cabeça no 2024 AQHYA World Championship Show, realizado de 2 a 11 de agosto, no OKC Fairgrounds, em Oklahoma City. Além do troféu de primeiro lugar, o jovem laçador f icou ainda na terceira colocação, na categoria até 18 anos.
“Foi uma experiência maravilhosa! Fiquei extremamente impressionado com tudo o que vivi naquele lugar onde qualquer quartista, principalmente da minha idade, gostaria de estar. Fiquei muito feliz, emocionado e agradecido pelos resultados. E sem dúvida, foi um sonho realizado”, expressa José Guilherme.
Para estrangeiros participarem desta prova é necessário convite ou classificação. “Eu tinha me classifica do pelo Brasil através de pontuação e fui também convidado a competir nos Estados Unidos”, explica. O resultado positivo, além de garantir a vaga para esta mesma competição no ano que vem, também foi reconhecido pelos vereadores de Adamantina que aprovaram uma Moção de Congratulações e Aplausos.
MAIS DE 35 VITÓRIAS
José Guilherme acumula mais de 38 vitórias em competições da ABQM (Associação Brasileira de Quarto de Milha). Entre suas principais conquistas estão os títulos de tricampeão do Congresso 2022/23/24, tricampeão do Nacional 2022/23/24, bicampeão Potro do Futuro 23/24, tricampeão da Copa dos Campeões e do Derby 2022/23/24, além de várias vitórias em provas do Show AQHA (bicampeão Nacional 2023/24, campeão da Copa dos Campeões 2023 e do Congresso 2024).
E essa trajetória de vitórias está apenas começando. “Hoje, a maioria dos meus títulos é focada na parte técnica. Também estou intensificando os treinamentos para participar das provas de cronômetro”, pontua José Guilherme. “Quero continuar trilhando este caminho que me faz muito feliz. Por isso, agradeço a Deus e a minha família pela oportunidade”, finaliza.
