Um projeto idealizado pela juíza de Adamantina, Ruth Duarte Menegatti, vem possibilitando reflexões sobre propósito de vida, o poder do feminino e o enfrentamento às desigualdades de gênero em toda a região. Atuando em ambientes que promovem a educação e assistência social, o Soul Feminino é um movimento de transformação social e ferramenta de fomento de políticas públicas.
A iniciativa foi apresentada oficialmente há um ano e, desde então, já promoveu diversas ações visando atingir a motivação da idealizada: amplia as possibilidades de transformação da realidade atual, através da educação formativa.
“A ideia do Soul Feminina surgiu a partir de um profundo desejo de promover a igualdade de gênero e capacitar as mulheres em diversas áreas de suas vidas. Propus o desafio de criação para a psicoeducadora Denise Alves Freire e nos unimos para criar algo que pudesse fazer uma verdadeira diferença. Nosso primeiro passo foi reunir um grupo de especialistas, incluindo a neuropsicoeducadora Denise Conde Godinho e a cientista da educação Fátima Duarte Pacheco. Juntas, desenvolvemos o Roteiro Único de Trabalho Humanizado, um método que não apenas aborda o desenvolvimento profissional, mas também o pessoal e emocional das mulheres”, explica Dra. Ruth.
A primeira palestra foi realizada no salão do júri do fórum de Adamantina. “Foi um momento marcante, onde tivemos a oportunidade de compartilhar nossa visão e metodologia com um público ávido por conhecimento e transformação”.
E, a partir de então, o Soul Feminino atingiu diversos ambientes que desenvolvem trabalho na educação e assistência social. “Também abordamos formas de violência contra a mulher e apresentamos estudos de casos reais para estimular o autoconhecimento e o fortalecimento pessoal. Hoje, atuamos em núcleos distintos: rede estadual de ensino, serviços especializados do município, hospital psiquiátrico, penitenciárias feminina e masculina e na universidade como projeto de extensão”.
Neste foco de acreditar no poder do feminino para a criação de “um mundo onde as mulheres possam prosperar e alcançar todo o seu potencial”, o Soul Feminino idealiza uma programação especial no mês de março a partir da primeira edição da campanha do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) – Semana da Justiça pela Paz em Casa, de 2025, com tema: ‘A paz começa com equilíbrio de emoções’.

PROPÓSITOS DA CAMPANHA
A programação foi construída com base nos programas Roteiro Único de Trabalho Humanizado e Soul Feminina, que possuem apoio do Poder Judiciário de Adamantina, de Pacaembu e de Flórida Paulista, bem como do Ministério Público das referidas Comarcas.
“O projeto Soul Feminina reconhece a maior vulnerabilidade feminina no trato das questões que envolvem a saúde mental da mulher. Nesse contexto, a saúde mental feminina é um tema de vasta importância e necessita de atenção e cuidado especializado. Compreender os desafios únicos vivenciados por mulheres é essencial para prover suporte adequado e promover sua saúde mental e bem-estar”, ressalta Dra. Ruth.
Neste processo, a disseminação de informações e a desconstrução de estigmas são passos imprescindíveis. Por isso, a programação será lançada em 10 de março no Hospital Psiquiátrico de Adamantina, local onde o Projeto possui um núcleo de intervenção desde 2023.
“Oportuno observar que o mencionado Hospital Psiquiátrico atua num modelo 100% SUS (Sistema Único de Saúde), de modo os fatores econômicos e sociais agravam questão da vulnerabilidade da mulher”.
A adoção de uma abordagem interdisciplinar que contemple as necessidades especificas das mulheres contribui não apenas para o tratamento, mas, também, para a prevenção de transtornos mentais. “É importante que cada uma se sinta empoderada para cuidar de sua própria saúde mental e que a sociedade forneça os recursos necessários para apoiá-las nesse processo, ao meu ver”.

PROGRAMAÇÃO
O lançamento da ‘Semana pela Paz em Casa’, em março, dará um destaque especial ao tema da saúde mental da mulher, sendo que na sequência serão desenvolvidas ações no âmbito escolar com o livro ‘Oficina de Aprendizagem: Pedagogia da Convivência’, nas Comarcas de Adamantina, de Flórida Paulista e de Pacaembu, que participam conjuntamente dos projetos educacionais com a psicoeducadora Denise Alves Freire. A profissional abordará as emoções e os processos de aprendizagem.
Já as secretarias dos municípios vão ter acesso a todo material, que poderá ser utilizado pelos professores da educação municipal. Ainda, em parceria com a Secretaria de Assistência Social de Adamantina, serão oferecidos cursos para as famílias e funcionários do Lar Cristão por meio da cartilha do Soul Feminina.
Por fim, será realizada ação na Penitenciária Masculina de Tupi Paulista com grupos reflexivos de réus condenados por feminicídio.
“Os grupos reflexivos estão previstos e recomendados pela Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) para promover um espaço de reabilitação e reflexão aos autores de violência, evitando que crimes e violências sigam ocorrendo. E nesse contexto afigura-se extremamente acertada a proposta de trazer o trabalho em grupos durante a execução da pena, oportunizando ao homem a sua ressocialização. O sistema carcerário deve cumprir uma função ressocializadora, e para os homens condenados por violência doméstica, especificamente pelo delito de feminicídio, a inclusão em grupos reflexivos será um instrumento de intervenção eficaz no combate ao crime e de proteção da sociedade. Tratar um agressor é possível hoje, especialmente se o sujeito assume a responsabilidade por seus comportamentos e tem motivação mínima para mudar”, finaliza a juíza de direito da 3ª Vara da Comarca de Adamantina, Ruth Duarte Menegatti.