Dias desses abri um vinho que estava esquecido em minha adega, sem dar muita importância a ele. Era um Carmenère chileno que surpreendeu pela complexidade e refinamento.
A história da Carmenère no Chile é muito interessante. Julgava-se que a uva, de origem francesa, estava extinta desde que a praga da filoxera havia atacado as plantações da Europa no século XIX. Entretanto ela havia sido trazida por imigrantes para o Chile, contudo, era cultivada erroneamente como sendo merlot.
Foi somente em 1994 que a casta foi redescoberta por especialistas e identificada como a mesma Carménère que existiu na França. Hoje, essa é a uva mais emblemática do Chile e um sucesso de vendas e exportação, inclusive para o Brasil.
Seu nome deriva da cor da pele da uva, de tom forte de carmim, que sempre acaba transferida para os vinhos.
Os aromas de um bom Carménère são uma combinação de frutas negras, terra molhada e um toque de pimenta preta. Mas os aromas variam de acordo com a forma de produção do vinho.
Quando o vinho passa pelo processo de envelhecimento em madeira, ele poderá apresentar uma complexidade maior, com aromas que recordam baunilha, chocolate ou tabaco.
Era exatamente o caso da garrafa que desarrolhei, um exemplar produzido no Vale Central do Chile, o LEYDA, Reserva, 2016, que amadureceu por 8 meses em barril de carvalho, o que tornou o vinho elegante, agregando aos sabores de frutas vermelhas e ervas frescas, café expresso e chocolate amargo.
A passagem por madeira também propiciou taninos finos, suavizando o vinho. Um verdadeiro achado com custo benefício excelente, R$ 74,90 na Loja da Grand Cru, no Euromarket, em Presidente Prudente.
Fiz uma harmonização excelente com pizza de calabresa, mas a Carmenère também harmoniza muito bem com churrasco, carnes assadas em geral, queijos e massas com molho de tomate.