A caricatura do escritor Monteiro Lobato, na Biblioteca Pública de Adamantina, foi pichada. Não há a data exata do crime, mas, o vandalismo foi identificado na manhã desta segunda-feira (14). A Secretaria de Cultura e Turismo registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil e acionou o sistema de monitoramento da cidade para identificar o autor ou autores do ato.
A intervenção artística é alvo de polêmica desde a sua pintura. Considerado um dos fundadores da moderna literatura infantil no Brasil, José Bento Monteiro Lobato (1882-1948) nasceu em Taubaté (SP) e ganhou popularidade com obras para crianças, como ‘O Sítio do Pica-Pau Amarelo’. Mas, a questão racial em suas publicações motiva uma série de questionamentos até mesmo no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Na época da pintura, a Secretaria de Cultura e Turismo divulgou nota à imprensa constando que a homenagem considerou o “o caráter nacionalista e social” do artista. Inclusive, na data de aniversário do autor é comemorada o Dia Nacional do Livro Infantil – 18 de abril.
Foi pichado a palavra “nazista” na caricatura.
No Brasil, a pichação é considerada vandalismo e crime ambiental, em razão do artigo 65 da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), que estipula pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa para quem pichar, grafitar ou por qualquer meio “conspurcar edificação ou monumento urbano”.
SECRETARIA DE CULTURA SE POSICIONA
Por meio de nota, a Secretaria de Cultura e Turismo de Adamantina disse que “lamenta a pichação” feita no prédio da Biblioteca Pública Municipal Jurema Citeli. Ela caracteriza o vandalismo como “palavras de ódio e de extremismo”.
“Salientamos que a Secretaria de Cultura e Turismo de Adamantina vem desde janeiro de 2021 realizando diversas ações justamente para combater, através da arte da cultura, atos de extremismo, racismo, preconceitos e tantos outros já não cabíveis em uma sociedade que deseja amenizar o abismo social existente em nosso país”, pontua.
Sobre a discussão nacional sobre a pessoa de Monteiro Lobato, a pasta ressalta que “não apaga sua genialidade e o que ele significa para a literatura infantil brasileira. Pichar e degradar prédios e o trabalho de um artista (grafiteiro) local, que tiveram investimentos de dinheiro público, com certeza não é o caminho para que possamos colocar em discussão temas tão importantes”.
“Recentes trabalhos de sucesso realizados por esta Secretaria de Cultura e Turismo mostram que podemos com inteligência, igualdade e amor ao próximo recuperar erros do passado e traçar um futuro diferente”, finaliza o posicionamento.
