“Até ontem vivi em um casulo, hoje acordei uma borboleta pronta para voar rumo ao sucesso”. Esta é uma frase escrita em 2012 por Zil Silva, durante um momento crucial da vida dela.
Zil é uma mulher determinada como tantas outras brasileiras, que foi obrigada a aprender, depois de muito sofrimento, o quanto o amor-próprio é fundamental para superar os reveses da vida.
“Hoje a carência do amor-próprio é imensa. Idealizamos a crença de que só somos felizes quando temos alguém ao nosso lado. Com o tempo aprendi que se não nos amarmos, não seremos capazes de amar ao próximo. Falo isso porque já passei por situações semelhantes. Em todas as fases da minha vida, a determinação foi muito presente, mas quando descobri o amor-próprio, minha história começou a mudar”, afirma.
‘Meu pai pediu para minha mãe me abortar’
Zil conta que o pai, pediu para a sua mãe abortar para tentar impedir a chegada de uma menina na família. “Meu pai não aceitava que poderia nascer uma menina. Já tinham o primeiro filho e desejava mais um homem”, afirma.
Relembra que não teve infância, pois aos seis anos já cuidava da casa para a mãe trabalhar. Conta que viveu durante toda a infância sentindo a diferença do amor do pai com o outro irmão. “Meu pai me negava, afirmava que me transformaria numa garota da vida. Devido a ausência do amor paterno, em busca de resgatar este amor tentei por três vezes tirar minha vida tomando remédios e tentando cortar os pulsos. Hoje agradeço à Deus por não ter conseguido”, enfatiza.
Em busca do amor paterno
Zil conta que durante toda infância e adolescência tentou conquistar o amor do pai, mas em vão.
“No meu aniversário de 15 anos ele não participou, meses depois descobrimos que meu pai tinha uma amante e que a mulher estava grávida e teria um filho do meu pai. Foi uma fase complicada. Durante este período eu consegui me aproximar do meu pai, pois meu irmão havia perdido a confiança nele, e ele só contava comigo em várias situações. Dei força a ele, e aos poucos, meu pai enxergou o quanto o amava e passou a me tratar melhor”, conta emocionada.
Em busca de viver uma grande história de amor, Zil se casou em novembro de 1998. Mais uma vez, se decepcionou com o amor.
“Neste casamento, sofri muito. Fui traída, humilhada, passei fome. Por não aguentar mais as mentiras decidi me separar. Foi libertador, conta. “A partir daí superei a falta de amor e encontrei meu amor próprio”, comemora. Destaca ainda: “Hoje somos uma família feliz, meus pais comemoraram 45 anos de casados em fevereiro deste ano. O amor nos fez superar todos os momentos ruins e me fez mais forte para dar continuidade ao meu projeto de vida”.

Projeto de vida
Para conseguir pagar a faculdade Zil relata que foi bolsista e voluntária em uma entidade, ela vendia bolos e pães no calçadão, trabalhava em bingos, alimentava pacientes em hospitais, tudo para manter os estudos. Em 2011, durante a faculdade de Administração, numa das aulas de psicologia organizacional, Zil conta que a docente questionou a turma sobre o projeto de vida.
“A professora questionou onde vocês estarão daqui há cinco anos. Alguns falaram em casamento, outros em abertura do próprio negócio, etc. Eu afirmei que estaria trabalhando como administradora e que compartilharia tudo que aprendi, como escritora e palestrante”, relata. Alguns riram, conta. Mas, Zil já havia idealizado seu futuro, bastava tempo e paciência.
A grande virada
A grande virada na vida começou a se delinear durante o Réveillon de 2011 para 2012. “Com todo este histórico de vida cheguei a pesar 88 kg. Minha autoestima estava no chão. Durante a passagem do ano fiz uma promessa para vencer a obesidade. No decorrer dos anos consegui eliminar quase 30 Kg.
“Na época, trabalhava numa operadora de planos de saúde em Presidente Prudente. Durante 18 anos me dediquei a empresa atuando em diversos setores, mas sem oportunidades de crescimento profissional decidi me desligar da operadora. Foi então que tomei a decisão de sair do casulo e permitir minha transformação em borboleta. Queria voar em busca de novos jardins”, conta.
Pouco tempo depois, Zil recebeu o convite para realizar consultoria na Unimed de Adamantina.
“Gostaram do meu trabalho e logo depois em setembro de 2012 recebi a proposta para ser supervisora. Três meses depois fui promovida como gestora em serviços de planos de saúde, onde estou até hoje”, afirma.
Escritora e palestrante
Enfim, o projeto de vida – idealizado em 2011 durante a época de faculdade está se concretizando.
“Como havia planejado ser escritora, sou co-autora do livro “Planejamento Estratégico para Vida”, onde abordei o tema ‘Superação: uma eterna batalha’.Paralelo a isso, iniciei um trabalho com palestrante. Em 2015, ministrei uma palestra na ETEC de Adamantina abordando minha história de vida e em abril irei ministrar uma palestra na ACE . “Todos os dias renovo minha autoestima. Falo para mim mesma o quanto sou linda e especial. “Minha missão é inspirar outras pessoas a se redescobrirem através do amor próprio”, encerra.