Quando eu ainda não era um apreciador de vinho, alguém me disse que vinho bom era um tal de Casillero del Diablo.
Passado o tempo, confesso que alimentei certo preconceito por esse vinho.
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Ocorre que o Casillero del Diablo é produzido pela vinícola chilena Concha y Toro, uma gigante mundial, que está entre as marcas mais vendidas no mundo. O Casillero é comercializado em mais de 100 países e, para se ter uma ideia da monstruosidade dessa marca, só de vinhos cabernet sauvignon são produzidas mais de 1,5 milhões de caixas ao ano.
Como se sabe no mundo do vinho a quantidade quase sempre é o inverso de qualidade, daí o preconceito.
No último domingo abri um Casillero, cabernet sauvignon, safra 2013, que havia ganhado há mais de um ano. Surpresa!!! O vinho estava excelente. Com cor rubi intensa, aromas de frutas negras como cerejas e ameixas, notas de especiarias e tostado. Na boca apresentou bom corpo, macio, equilibrado, com notas de baunilha, chocolate amargo e café, consequência de seu estágio em barris de carvalho.
De fato, um vinho com a chancela da Concha y Toro não poderia ser ruim. Que ingenuidade a minha!
E o melhor de tudo é que o vinho é fácil de encontrar e custa em torno de R$ 50,00.
Assim, o vinho entrega o que promete, evidentemente, de sua faixa de preço, sendo um vinho muito bom para ser degustado no dia a dia.
A LENDA DO CASILLERO DEL DIABLO
Dizem que em 1883 um barco zarpou desde Bordeaux, França, fazendo da imensidão do mar e o silêncio dos pássaros ao voar testemunhas das uvas trazidas por essa travessia. Ao chegar em terras chilenas começaram a formar aquele misterioso vinho que com o passar do tempo daria vida a uma lenda mágica. Conta-se que Don Melchior, fundador da Concha y Toro, guardou alguns exemplares do vinho a sete chaves. “Reservarei alguns dos melhores”, pensou. Isso deu margem ao mistério dos constantes roubos que sua bodega sofria. Para evitar que seus vinhos desaparecessem, Dom Melchior difundiu o rumor que sua bodega era habitada pelo Diabo. Dizem que o rumor se espalhou tão rapidamente quanto o fogo. E a notícia correu tão rápido que em pouco tempo em todos se instalou o temor. Daí o nome, Casillero del Diablo, traduzindo-se casillero como um armário onde o vinho ficava guardado dentro da adega.