Sérgio Barbosa (*)
Está cada vez mais distante das pessoas aquela vontade de voltar a acreditar em alguma coisa, ainda mais, quando os novos tempos trazem muitas dúvidas e fazem brotar em “nós” aquela inquietação quanto ao amanhã…
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Em meio aos muitos acontecimentos em nível mundial, existem pessoas envolvidas em mil detalhes do seu cotidiano, bem como, outras pessoas que acabam se enrolando com tantos afazeres e demais responsabilidades do dia-a-dia…
Alguém disse o seguinte: “Infeliz é a nação que precisa dos ‘mitos’ para sobreviver”. É uma frase que merece inúmeras reflexões de nossa parte, basta a gente forçar a nossa memória e relembrar alguns dos muitos fatos que aconteceram nos últimos anos em nosso país e foram retratados pela “mídia” com destaque e acabaram gerando controvérsias entre: mensagem, meio e receptor…
É comum as pessoas relembrarem por meio diversos, o aniversário desta ou daquela personalidade local, estadual, nacional ou internacional, isso é, quando a “tal personalidade” está sendo relembrada pela data da sua morte…
Não é o caso deste texto, o objetivo é relembrar sim, uma personalidade que marcou várias gerações e continua marcando presença por meio das suas poesias, letras e musicalidade, estamos nos referindo ao irreverente e “sonhador”- John Lennon!!!
“… Você pode me achar um sonhador / Mas eu não sou o único
Espero que um dia você se junte a nós / E o mundo será um só…”
A história do mito em questão, extrapola o nosso simples “senso comum”, é preciso mais do que isso para entender o “poeta contestador”. Lennon foi um artista que esteve sempre a frente do seu tempo, basta relembrar fatos em que esteve envolvido, individualmente, com Yoko Ono (esposa) e Sean (filho), além dos velhos tempos como um dos líderes do “The Beatles”, juntamente com o parceiro da época- Paul McCartney…
Faz-se necessário registrar neste texto um recorte de uma das inúmeras entrevistas concedidas por John Lennon para as revistas especializadas em música, tais como, a famosa “Rolling Stone” nos anos 1970-1971, quando afirmou: “ (…) crescemos um pouco todos nós. Houve uma mudança e estamos mais livres. Mas é o mesmo jogo, nada realmente mudou. Eles estão fazendo exatamente as mesas coisas, vendendo armas para a África do Sul, matando negros nas ruas, as pessoas estão vivendo numa pobreza f… com ratos andando sobre elas. É de vomitar. Acordei para isso também. O sonho acabou. Tudo continua igual. Só que eu tenho 30 anos e muitas pessoas usam cabelo comprido. Só isso.”
É importante ressaltar que, esta entrevista foi realizada no início dos anos 70, quando o planeta estava em meio as muitas mudanças, isso em várias áreas, principalmente na política internacional desenvolvida pelos Estados Unidos da América em várias partes do mundo…
O poeta contestador, foi acusado pelas autoridades norte-americanas em vários momentos, pois, John Lennon era uma voz que incomodava naquele momento delicado para os EUA que exportava uma política desenvolvimentista por meio do poder bélico e econômico em várias partes do mundo…
“Talvez não haja muita / diferença / Entre a Casa Branca e
a Casa do Povo / Se contarmos suas janelas.”
As letras e as músicas do poeta estavam presentes nos meios de comunicação de massa em nível mundial, isso provocava uma série de “represálias” ao cantor e compositor John Lennon, além disso, o ex-Beatle havia declarado que tinha escolhido os EUA para morar com a família. Era provocação demais para o governo norte-americano que utilizou todos os meios disponíveis na época para deportar o “Poeta contestador”…
A poesia e a música de John Lennon estão registrada nos corações daquelas pessoas que “ainda acreditam” que o amanhã ainda vai acontecer em meio ao nada, ainda mais, quando estamos em tempos de globalização mundial…
“Choramos numa prisão / Amamos numa prisão / Sonhamos numa prisão
Como tolos.”
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(*) Jornalista diplomado e professor do curso de história da unifai.
e-mail: [email protected]