O drama, a consagração e a verdade.
*Por Eduardo Fonseca*
Escrever-se-á uma e outra vez, atéconverter-se em afirmação de lugar comum, um clichê daqueles que de tanto repetir-se debilita seu significado. Mas qualquer um abandona a aspiração de originalidade e é impossível esquivar–se da ideia que se repete com as pulsações aceleradas da consagração: Argentina ganhou este domingo no Qatar a final mais dramática da historia dos Mundiais, com uma carga de adrenalina e emoção que lhe assegura um lugar privilegiado nos arquivos da historia do futebol.
A previsão e o merecimento.
O ex-técnico da seleção espanhola LuizHentique, demitido após a desclassificação da fúria para Marrocos nesta copa afirmou antes dela começar: “Sou mutoruim nas previsões mas gostaría por Leo Messi que ele pudesse levantar a Copa, pois ele merece por tudo que deu aofutebol”. A expressão ele merece endereçada a um adversário potencial, pois no momento da afirmação a Espanha era candidatíssima ao troféu iluminou uma ideia incomum no futebol, irreconhecível no esporte profissional, mas compartilhada nos dias iniciais deste dezembro atípico de copa : que a possível consagração de Messi significaria um ato de justiçareconhecido até por seus rivais.
A França lutou com sua forças e elas ressurgiram no final do tempo normal da partida pois estavam desaparecidas sufocadas pelo futebol coletivo e tático argentino, para evitar que se fizesse essa justiça. A força física dos gauleses, semibrutal, representada em campo pelo letal Mbape quase impede a consagração. Mas convenhamos o mundo ficou sim mais justo quando Messi levantou a taça.
Quem viu , viu…
Vantagem do idoso apaixonado pelo esporte bretão, esse que escreve teve a felicidade de ver Pelé, Didi, Garrincha,Maradona, Beckenbauer, Cruiff, Zico, Platini, Zidane, Romario, os três Ronaldos ,dois brasileros e um lusitano e ,tantos outros monstros da cancha mas Messi é diferente. Não se trata de eleger o melhor, de comparar, de disputar com outros a supremacia, se trata de reconhecer a ética, a cortesia, a contenda leal, o melhor drible, o melhor chute, o melhor passe, hoje dita assistência, o gol mais bonito de tantos antológicos que fez. A paixão dramática dos argentinos muitas vezes o crucificou por tantos anos de estiagem., tanto tempo sem títulos. A fala era sempre a mesma: Diego, Dieguito ,la mano de Diós era um vencedor já Leo…
A batalha de Doha, no atípico dezembro do futebol em que a bola rolou sem parar tem garantido seu lugar na história. Uma páginamagistral escrita por pés e coraçõesargentinos e enfeitada pela justiça realizada.Salve Leo que no dizer de um jornalista argentino é o melhor de todos não sem antes anunciar … Perdon Diego. E não devemos nos esquecer: Deus pode ser brasileiro, mas já seu representante na terra, o papa….e ele fez bem o serviço.
A verdade.: A nação não joga. A Seleção joga.
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Um historiador ítalo argentino, professor da universidade de Bolonha após ver as manchetes jornalísticas dos platinos e com uma visão extremamente racional e contundente faz uma critica oportuna aos que querem aproveitar o triunfo na copa para esconder os problemas domésticos da nação
Ele afirma:
“Será que podemos alegrarmos sem incomodar a Deus e a pátria? Ganhou a seleção de futebol argentina, não a Argentina”. Asnações não tem músculos, não tem alma não jogam futebol ou não nos bastam as tragedias causadas por ideias similares?
Se é para imaginar podemos vislumbrar na Argentina do Mundial, a Argentina que pode ter sido e agora não é mas podia ser e esperamos algum dia admirar. Cosmopolita, competitiva, eficiente, produtiva, meritocrática, criativa, mas organizada, com excelente coletivo eextraordinárias individualidades.
Seus jogadores dão voltas no mundo e nomundo competem; a competição os melhora, as melhorias dão resultados e animam a seguir e o êxito gera confiança,
E libera energia estimulando desenvolvimento”.
É o contrário da Argentina que vemos, nacional, tão fechada e autárquica. No
Catar a seleção mostrou-se aberta, universal.Seu dirigente, o jovem técnico, fez trocas positivas melhorando sempre a performance.Lembrem-se do primeiro embate. Catastrófica derrota para a Arabia Saudita. Foi, afinal, o triunfo que faz imaginar a Argentina global, aberta e universal! Um alerta importante.
Pelo menos o presidente t Alberto Fernandez ficou em casa assistindo o jogo diferentemente de Macron que entrou no campo para ser capturado pelas câmaras consolando seus conterrâneos. Missão impossível e inoportuna.
A bola parou de rolar. Noel não nos deu o hexa. Também nossos jovens dançarinos não ajudaram. Mas a história não para. 2026 chega logo.